Não só as dissertações argumentativas, mas também os artigos de opinião devem conter, além do posicionamento crítico do escritor, evidências, situações cotidianos de grande repercussão, recortes históricos etc. — é o que chamamos de fundamentação.
Mas há outras possibilidades de fundamentação. A Competência 2 da grade de correção do Enem reclama a aplicação de conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema.
Assim, fica claro que a Literatura, a MPB, a Filosofia, a Sociologia também estão a serviço das dissertações-argumentativas.
A boa fundamentação é responsável, principalmente, por privilegiar uma dissertação das demais, que, muitas vezes, beiram o senso comum.
O que é senso comum?
Tem-se por senso comum aquilo que todo mundo sabe, que todo mundo diz. Isso (apenas?) não precisa ser mencionado. Por exemplo: “No Brasil, há um número expressivo de meninos que ainda sobrevivem do crime.”; ou: “No Brasil, as casas de detenção estão superlotadas.”; ou: “O Brasil demorou para abolir a escravidão.”; ou ainda: “A Saúde pública no Brasil é precária.”
Não que, ao longo do texto, essas informações sejam dispensáveis. Entretanto, é preciso prolongar a discussão, trazendo ao texto estatísticas, comparações, causas, consequências – enfim, é preciso ancorar tais apontamentos.
O candidato, então, deve indagar-se:
Todo professor dá aula de Redação!
Isso equivale a dizer, repita-se, que a dissertação argumentativa pode – e deve! – buscar subsídios na História, na Geografia, na Literatura, na Filosofia, na Sociologia, na MPB, nas Atualidades… Nem mesmo a Matemática escapa: para a leitura e a interpretação de gráficos, a Matemática é indispensável!
A importância da imprevisibilidade
Se o candidato, ao longo da fundamentação, valer-se apenas das ideias contidas nos textos motivadores, a banca do Enem considerará a argumentação previsível – a Competência 2 poderá sofrer sensível decote.
Quanto mais o candidato trouxer ao texto elementos independentes dos textos motivadores, mais imprevisível será a argumentação, o que garantirá uma nota expressiva na Competência 2.
Confira a seguir como apropriar-se de diversas disciplinas para as dissertações argumentativas:
(…) Quando Geraldo Vandré, nos idos 1968, compôs o hino de resistência do movimento estudantil à Ditadura Militar, teve por bem fazer um convite ao povo: “vem, vamos embora, que esperar não é saber”. Conhecido como Che Guevara Cantor, Vandré, certamente, encontra seguidores mundo afora. Todavia, o instrumental da luta ideológica contemporânea é outro – as letras de MPB cederam lugar às bandeiras ora vermelhas, ora verde-amarelas, que tremulam ao sabor do vento e das cestas básicas. (…)
Gislaine Buosi, fragmento.
(…) “Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”, já pontuou Freud, voz amadurecida da psicanálise do século XX. A citação é oportuna quando o assunto é consumo e ostentação. Sem dúvida, o homem que está inserido na alta roda social – e ali pretende manter-se – precisa ter nervos de aço, saúde de ferro. Afinal, trajar Armani e Lacoste exige um holerite gordo. Da ceroula ao sapato, do sabão de barbear às casas de massagem, dos pubs às corridas de cavalo: quem não quer ter a rotina do executivo da novela das 9? (…)
Gislaine Buosi, fragmento.
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