A discussão sobre a censura a obras literárias é um tema de grande relevância e atualidade, especialmente considerando seu potencial para ser abordado em redações do ENEM. O debate acerca da “Literatura brasileira: entre a fidelidade histórica e a censura contemporânea” não se limita ao Brasil, mas é parte de uma guerra cultural mais ampla, como observado nos Estados Unidos. A censura literária não é um assunto passageiro, mas sim um tema que impacta diretamente a educação, a cultura e a formação cidadã. A questão da censura literária toca em aspectos constitucionais e educacionais fundamentais, levantando debates sobre liberdade de expressão e o papel da literatura na formação crítica e cultural dos alunos. A censura pode limitar o acesso a obras que, embora escritas em contextos históricos diferentes, oferecem importantes reflexões sobre a sociedade e seus valores. Este tema, além de ser potencialmente abordado no ENEM, é essencial para a formação de cidadãos conscientes e críticos, capazes de questionar e transformar a sociedade em que vivem.
A redação do ENEM é corrigida com base em cinco competências, cada uma valendo até 200 pontos, totalizando 1000 pontos. A seguir, detalhamos cada uma dessas competências e como elas podem ser aplicadas para abordar o tema de maneira eficaz.
1. Domínio da Norma Culta
A primeira competência avalia o domínio da escrita formal. Isso inclui ortografia, morfologia, sintaxe de concordância e regência, além do uso formal do idioma. É importante evitar coloquialismos, gírias e cacoetes da linguagem. A escrita formal não significa usar palavras difíceis; pelo contrário, a clareza e a simplicidade são fundamentais. O segredo da boa escrita está na correção gramatical e na escolha de palavras que sejam imediatamente compreensíveis para o leitor.
2. Compreensão do Tema, Atendimento ao Tipo e Citação de Repertório Sociocultural
A segunda competência exige a compreensão do tema proposto, o atendimento ao tipo textual (dissertativo-argumentativo) e a citação de repertório sociocultural. Tangenciar o tema, ou seja, abordar o assunto de forma ampla sem focar no recorte específico, pode resultar em perda de pontos. Para evitar esses erros, é recomendável utilizar palavras ou expressões-chave do tema em cada parágrafo e buscar sinônimos para evitar repetições. Além disso, o texto deve ser predominantemente argumentativo, com informações que fundamentem as argumentações. O repertório sociocultural deve ser pertinente, legitimado e bem aproveitado ao longo do texto.
3. Seleção e Organização de Argumentos
A terceira competência verifica a capacidade do candidato de selecionar, organizar e relacionar argumentos pertinentes ao tema. Isso envolve a escolha de fatos, causas, consequências, comparações e exemplificações bem conectadas ao tema. A organização do texto deve seguir uma estrutura lógica: introdução com apresentação do tema e tese, desenvolvimento dos argumentos nos parágrafos intermediários e uma conclusão que inclua a proposta de intervenção social.
4. Conhecimento dos Recursos Coesivos
A quarta competência avalia o uso de mecanismos de coesão, como conjunções, pronomes e preposições. A coesão pode ser interparágrafos (entre parágrafos) e intraparágrafo (dentro do parágrafo). Além disso, é importante evitar repetições e construir parágrafos com mais de uma frase para evitar que a ideia principal se perca. O texto deve conter períodos simples e compostos por coordenação ou subordinação.
5. Proposta de Intervenção Social
A quinta competência exige uma proposta de intervenção social que inclua ação, agente, modo ou meio, finalidade e detalhamento de pelo menos um desses elementos. A proposta deve responder às perguntas: o que deve ser feito para resolver o problema? Quem deve fazer? Como deve ser feito? Para que deve ser feito? Evite intervenções genéricas e busque soluções pontuais, direcionadas às causas e consequências discutidas no texto.
O recorte temático escolhido é “Literatura brasileira: entre a fidelidade histórica e a censura contemporânea“, um assunto que levanta questões éticas e culturais, exigindo do candidato uma análise crítica e contextualizada.
Ao abordar este tema, é importante que o candidato discuta a literatura em seu contexto histórico, tanto passado quanto presente, para então posicionar-se sobre a questão da censura a obras literárias. Uma estratégia eficaz para introduzir o tema é utilizar uma voz de autoridade que esteja relacionada ao assunto. Por exemplo, Paulo Freire, patrono da educação brasileira, defendeu que a educação não deve impedir a curiosidade dos alunos, e a literatura é um dos meios que instigam essa curiosidade. No entanto, a censura contemporânea tenta apagar o legado histórico e intelectual presente nas obras literárias.
Além disso, a Constituição Federal, no artigo 220, pode ser citada como repertório sociocultural, pois garante a liberdade de expressão e proíbe qualquer tipo de censura política, ideológica ou artística. Outro exemplo relevante é a censura nos Estados Unidos, onde, segundo Jamil Chade, colunista do Portal UOL, aproximadamente 10 mil livros foram banidos de escolas públicas entre 2023 e 2024, demonstrando que a censura literária é uma questão global.
Durante a Ditadura Militar no Brasil, autores como Jorge Amado e Erico Verissimo tiveram suas obras censuradas, mostrando que a censura literária não é um fenômeno novo. Contudo, a censura atual é mais sutil, mas igualmente prejudicial. Esses repertórios socioculturais são valiosos para enriquecer a argumentação e demonstrar uma compreensão abrangente do tema.
A tese proposta neste bloco é clara: quando se tolhem quaisquer ações constitucionalmente permitidas – em especial as que envolvem a liberdade de expressão – a pluralidade de pensamentos está posta em cheque, o que demanda intervenções emergenciais em favor da conscientização da sociedade.
Nesse terceiro bloco, a discussão se aprofunda na construção das argumentações, um passo crucial para desenvolver uma redação sólida e persuasiva. A abordagem de pontos favoráveis e contrários ao tema “Literatura brasileira: entre a fidelidade histórica e a censura contemporânea” é uma estratégia eficaz para demonstrar a compreensão completa do assunto, sem que isso implique em contradição.
Inicialmente, são apresentados os argumentos favoráveis à censura de obras literárias. Os defensores da censura argumentam que obras escritas em épocas passadas podem conter preconceitos e, por isso, devem ser excluídas do ambiente escolar. Acredita-se que crianças, por serem influenciáveis, poderiam adotar comportamentos inadequados ao lerem certas passagens, como o pacto de sangue entre personagens do livro “O Menino Marrom” de Ziraldo. A preocupação com a linguagem e os valores sociais refletidos nas obras é outro ponto levantado, sugerindo que a literatura obrigatória nas escolas deve se alinhar aos padrões sociais contemporâneos.
No entanto, a partir desse ponto, a argumentação se volta contra a censura, utilizando uma conjunção adversativa para sinalizar a mudança de perspectiva. A literatura, ao contrário de apenas refletir normas sociais, tem o poder de desafiar e provocar reflexões profundas. Ela expõe comportamentos, incita a curiosidade e oferece múltiplas camadas de interpretação que vão além do texto literal. Paulo Freire, já mencionado anteriormente, defendia que a escola deve capacitar os alunos a ler e transformar o mundo, e a literatura desempenha um papel vital nesse processo.
A literatura, portanto, não se limita a entreter; ela também desromantiza e documenta realidades que merecem ser registradas, como eventos históricos e sociais significativos. A tentativa de censurar obras literárias é uma tentativa de silenciar vozes que capturam e refletem a complexidade do mundo. Ao fazer isso, a sociedade perde a oportunidade de aprender com o passado e de preparar-se para o futuro.
Essa argumentação demonstra que, embora existam preocupações válidas sobre o conteúdo de certas obras, a censura não é a solução. Em vez disso, a literatura deve ser vista como uma ferramenta educacional poderosa, capaz de promover o pensamento crítico e a conscientização social. O bloco conclui que a liberdade literária é essencial para uma sociedade plural e democrática, e que qualquer tentativa de censura ameaça esse ideal.
No quarto e último bloco do episódio, o foco se volta para a proposta de intervenção, um componente essencial para concluir uma redação do ENEM com eficácia. A proposta de intervenção social deve ser detalhada e diretamente ligada às argumentações apresentadas anteriormente, oferecendo soluções práticas e viáveis para o problema discutido.
Assim:
Desse modo, cabe aos agentes do PNLD selecionar obras literárias engajadas e compatíveis com a demanda educacional, quer seja para a fruição, quer para formação pessoal, a fim de que chegue ao alunado situações e respectivos desdobramentos captados não só por escritores e poetas do passado, como também dos dias atuais. Isso deve ser feito por meio da análise criteriosa de um colegiado de estudiosos devidamente habilitados para reconhecer a realidade em que está inserido o cidadão que ora se forma em sala de aula. Paralelamente, cabe à sociedade reconhecer a importância de levar aos alunos a uma narrativa histórico-literária em constante construção e, além disso, admitir que a Literatura é, também, canal eficiente e dinâmico para dar voz às minorias, que precisam sair do limbo social.
Caso queiram conhecer, já está disponível no site uma dissertação modelo sobre esse tema.
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