A Plataforma Redigir tem uma série de podcasts para você! 😉
A professora Gislaine Buosi trata de temas potenciais à redação do Enem e à redação dos grandes vestibulares do Brasil. Além da discussão, o podcast contempla indicação de repertório sociocultural, leitura de infográficos, propostas de intervenção social e tudo o que diz respeito às estratégias de argumentação.
Assuntos diários, que impactam a sociedade, a saúde, a educação, a economia e a política são abordados nos podcasts, cuja intenção é preparar os alunos, em especial, para redação do Enem, da Fuvest e da Unicamp.
Confira o episódio!
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Olá, pessoal! Seja muito bem-vindo a mais um podcast da Plataforma Redigir. Vocês já me conhecem, sou Gislaine Buosi, escritora e professora de Redação e Literatura. No episódio de hoje, vamos abordar “Os desafios para vencer o racismo no futebol”. E se esse tema interessa a vocês, fiquem por aqui!
Será, mesmo, que o racismo no futebol é tema relevante para o Enem?
Vamos lá: como vocês sabem, consta na própria CARTILHA DO PARTICIPANTE ENEM que a prova de redação exige do candidato a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. O aceno é, de fato, muito abrangente – qualquer situação que imaginemos impacta a sociedade, que, por sua vez, impacta a cultura, a educação, a política… a ciência impacta a saúde… e, ao esticarmos o fio, alcançamos as epidemias, as vacinas, o retorno de doenças erradicadas…
O racismo é crime? Sim, é crime inafiançável. Mas, inegavelmente, racismo envolve comportamento, que retrata o perfil de uma sociedade – estudiosos, inclusive, já tipificam o racismo: social, cultural, recreativo, ambiental, esportivo – e a lista não se esgota aqui. Verdade seja dita, o racismo é, sempre, tema potencial, não apenas à redação do Enem, como também à de grandes vestibulares.
Tá… mas, ao longo de ano, houve outras situações relevantes: atentados, inclusive no Brasil; conflitos armados; casos de violência escolar; ciclones extratropicais, além do marco dos 35 anos da Constituição Federal; dos 70 anos da Petrobrás. Ok. Nenhum desses temas está descartado – e, convenhamos, não teremos dificuldade de enfrentá-los, até porque, tanto quanto o racismo no futebol, essas situações foram fartamente veiculadas pelas mídias.
Deixo aqui um outro despertamento: é o seguinte – temos de memória os últimos temas trazidos pelo Enem – e isso me parece um critério para eliminarmos possíveis recortes para esse ano. Mas acredito que nem todos conheçam os últimos temas da segunda aplicação do Enem, que é o Enem PPL, ou seja, o Enem que é realizado nas unidades prisionais – daí PPL; Enem destinado a PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE. São temas muito bem escolhidos. Recentemente, foram propostos: Medidas para o enfrentamento da recorrência da insegurança alimentar no Brasil; Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil…
Percebam… O INEP joga luz a acontecimentos sensíveis, significativos no BRASIL – e então, o tema sobre o qual falaremos a seguir é, sim, potencial – Desafios para vencer o racismo no futebol – vamos lembrar das situações recorrentes, vividas por jogadores brasileiros, quer seja nos estádios do Brasil, quer do exterior.
Bem, feitas essas considerações… Ah… só mais um detalhe… claro, vocês devem estar preparados, o tempo todo, para qualquer tema – até porque, tema de redação não se adivinha. Levantamos, sim, hipóteses, probabilidades.
Vocês, que acompanham os podcasts da Plataforma Redigir, já sabem que temos uma estratégia excepcional – nossa discussão está organizada para atender, pontualmente, aos comandos do Enem, e, desse modo, no primeiro bloco, fazemos o projeto textual, que precisa ser desenhado logo no parágrafo introdutório, com a apresentação do tema, a lista de argumentos e a exposição da tese. Em seguida, ainda no primeiro bloco, falamos sobre repertório sociocultural.
No segundo bloco, selecionamos, pelo menos, dois argumentos cogitados e, então, os desenvolvemos.
No terceiro e último bloco, sugerimos uma proposta de intervenção social, a fim de resolvermos o problema-alvo da nossa dissertação.
Então, nesse primeiro bloco – tema, argumentos, tese e repertório.
Para a apresentação do tema: O futebol, considerado o esporte mais popular do Brasil, infelizmente, tem sido palco de atos racistas – jogadores brasileiros são vítimas reiteradas desses crimes, tanto aqui quanto no exterior.
Quanto aos argumentos… Bem, o tema é envolvente, é polêmico e tem tudo pra render uma boa argumentação – até porque o racismo no futebol está patente aos nossos olhos. Um rápido exercício de memória, e recuperamos muitas possibilidades argumentativas, entre as quais:
. O racismo é reflexo da branquitude, ou seja, daquela falsa e, infelizmente, naturalizada noção da superioridade do branco, em detrimento do não-branco.
. As punições para atos racistas são muitas vezes insuficientes e, por isso mesmo, não intimidam os criminosos, não impedem, de fato, novas ocorrências.
. Os comitês – por exemplo, a Fifa (Federação Internacional de Futebol) abordam o tema em episódios extremos, pontuais, mas pouco atuam na prevenção do racismo – pelo menos não de modo ostensivo, como a questão exige.
. O futebol é tido como o evento que entrelaça povos e culturas, embora tenha significativo número de jogadores que são elevados a mártires dos campeonatos.
. O caráter intimidatório do racismo, com a finalidade de desestabilizar o jogador.
. O racismo em outras modalidades esportivas.
. Os ataques racistas ocultados pela própria vítima que, talvez pela reincidência dos ataques, já não os denuncia – até porque, muitas vezes, a vítima tem medo de, havendo a denúncia, sofrer represálias.
E agora a tese, que é o ponto de vista a ser defendido ao longo das argumentações. A tese é esta: Apesar de o futebol unir atletas e torcedores de todas as origens, ainda há muito a ser feito para que a democracia racial, de que tanto se fala no universo sociopolítico, saia do papel e seja posta em prática.
Para finalizar o primeiro bloco, falta o repertório sociocultural autoral – na exigência da Competência 2, no que seja pertinente ao repertório, vemos que a interdisciplinaridade é posta à prova – vale trazermos elementos colhidos da História, do Cinema, da Literatura, da Geopolítica e de muitas outras frentes do conhecimento – aqui, podemos visitar, especialmente, a história do futebol, e trazermos à tona o Rei Pelé – sim, Pelé sofreu racismo durante sua carreira, muito embora isso não o tenha impedido de sagrar-se “o atleta do século 20” – tributo mundialmente reconhecido. Era comum Pelé, quando entrevistado, falar da discriminação enfrentada pelos atletas negros, o que interferia até mesmo nas contratações.
E, como professora de Literatura, eu jamais deixaria de mencionar o dramaturgo Nelson Rodrigues – foi ele quem disse que “Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante, e cumprimentá-los com íntima efusão: “Como vão, colegas?”
Nelson Rodrigues, sem dúvida, colocou Pelé ao lado de monstros da arte e da poesia – realmente, 90 minutos de Pelé rendiam uma partida épica.
Há outros repertórios – e vocês saberão mencioná-los – ultimamente, houve cenas das mais cruéis, com Vini Jr., no Real Madri – excelente repertório, ainda que, acredito, um milhão de candidatos se lembrarão exatamente desse repertório.
Neste segundo bloco, vamos selecionar e desenvolver alguns argumentos. E, antes disso, um dado importante: segundo levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol, em 2021, houve o registro de 64 ocorrências de racismo; já em 2022, o número saltou para 90 – um aumento de 40% – mas… acredito que esse aumento – bastante significativo, é verdade – seja resultado não exatamente… ou… não só por conta do número de casos, mas também por conta da tomada de consciência e de coragem das vítimas: ultimamente, tem havido maior número de denúncias formais.
Prossigamos – dois argumentos a serem desenvolvidos, quais sejam: o caráter intimidatório do racismo, e o racismo como um reflexo da branquitude.
Passemos, então, a desenvolver o primeiro argumento: o caráter intimidatório do racismo no futebol.
Comentaristas esportivos e analistas comportamentais têm constatado que o racismo no futebol seja, mesmo, uma estratégia de intimidação, que repercute diretamente na performance dos jogadores – isso acontece fora e dentro do campo; atos racistas reverberam, interferem, fazem feridas que não se fecham.
Aqui no Brasil, expoentes como Neymar, Daniel Alves, Hulk, Vinícius Jr., Richarlison já foram vítimas de atos racistas. E esse aspecto, esse argumento solidifica a tese que formatamos lá no início – o racismo, quer em campo, quer nas arquibancadas, nos vestuários, nas redes sociais… desmascara a noção totalmente falida daquilo a que chamam “democracia racial” – que democracia é essa, que não se materializa durante uma partida de futebol?; que demoniza uma arquibancada?, que atropela direitos humanitários? Poxa vida! Situações como essas devem ser um alerta para os operadores do futebol, do direito esportivo, da diretoria de comitês internacionais etc., a fim de que o futebol se firme, recupere a competição saudável e agregadora.
Segundo argumento selecionado para essa discussão: o racismo no futebol como reflexo da branquitude. Para ilustrar esse conceito – branquitude – valho-me de um fragmento de Caetano Veloso, segundo o qual, ‘Narciso acha feio o que não é espelho’. Isso equivale a dizer que a visão narcisística, motiva o preconceito – que, sem dúvida, tem por detrás a inveja, o inconformismo, a estupidez – tudo isso vai desaguar no racismo.
Percebam: é inegável que a antropometria, quer dizer, as medidas do corpo humano, interfere no desempenho do atleta – obviamente, não me refiro apenas a atletas do futebol – cabem nessa esteira a natação, o salto, o basquete e tantos outros esportes que demandem velocidade. As medidas do corpo negro são relativamente maiores, o que, sem dúvida, vai colocá-los, muitas vezes, em posição privilegiada.
O fato de grande parte expoentes do futebol brasileiro ser negra e ter vindo do futebol de rua, das conhecidas “peladas”, e, mais tarde, ter sido garimpada por times da primeira divisão, por equipes internacionais… isso fere o ego da branquitude, que, convenhamos, também toma conta dos estádios de futebol. Esse movimento é, também, combustível para o racismo. Exemplo disso é Vini Jr., cuja trajetória se deu do morro de São Gonçalo ao Real Madrid, e, se é que alguém ainda não saiba: Vini Jr. é, atualmente, um dos jogadores mais bem avaliados.
É inegável: a branquitude persuade, domina os mais diversos segmentos sociais, e promove, por vezes, cenas racistas inimagináveis – só para reforçarmos esse argumento, Vini Jr., em Madri, numa representação estúpida, já foi, inclusive, enforcado.
Desenvolvidos os argumentos, passemos, agora, ao terceiro e último bloco, com a proposta de intervenção social. Vou ler a vocês uma proposta de intervenção que atende, inteiramente, às exigências dos corretores do Enem:
Portanto, para vencer o racismo no futebol, é essencial que haja uma ação conjunta da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e do Ifab (Conselho da Associação Internacional de Futebol), com a implementação de regramentos mais claros, específicos para atos racistas. Tais regramentos devem ser feitos por meio de análises táticas e comportamentais minuciosas, com consultas aos materiais em arquivos audiovisuais, bem como com a oitiva não só de testemunhas dos crimes, como também de vítimas, com vista a recuperar-lhes a autoestima e a acabar, de vez, com o racismo – isso feito, a bandeira da democracia racial em campo subirá ao pódio.
Então, é isso! Depois dessas considerações, sugiro que, se for preciso, ouçam novamente o podcast e façam outras leituras sobre o tema para, então, escreverem a dissertação (clique aqui).
Postem, o quanto antes e, assim que ela chegar corrigida, frequentem o percurso de aprendizagem da Plataforma Redigir – lá vocês encontrarão tópicos de gramática e listas de exercícios, sobre os pontos a serem aprimorados nos textos.
E, antes de nos despedirmos, convido vocês a assinarem o podcast da Plataforma Redigir.
Um abraço! Excelentes redações, e até o próximo episódio!
Confira aqui o episódio anterior.
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