Qual a diferença entre artigo de opinião, notícia e reportagem?

Qual a diferença entre Artigo de Opinião, Notícia e Reportagem?

Em primeiro lugar, é preciso registrar a pertinência da pergunta: o conhecimento dos gêneros textuais, consideradas as edições de 2009 a 2016, foi o 7.º item mais cobrado dentro do Caderno de Linguagens do Enem. Saber distinguir uma carta de uma reportagem, uma entrevista de um verbete, uma propaganda de uma charge, uma notícia de um artigo de opinião – eis o que a banca do Enem propõe, frequentemente, ao candidato.

Dito isso, conheça as diferenças entre Artigo de Opinião, Reportagem e Notícia.

O Artigo de Opinião é, em geral, um texto de viés argumentativo, sobre assunto atual e, obviamente, polêmico. Um artigo contém, essencialmente, a opinião do articulista que, para tanto, pode fundamentá-la em referências históricas ou contemporâneas, em dados estatísticos, em pesquisas etc.

Veicular artigos de opiniões divergentes é procedimento comum de grandes jornais e demais periódicos impressos, a fim de orientar/ajudar o leitor a posicionar-se diante de situações que envolvam tomadas de decisão ou posicionamentos político-partidários.

Exemplo de Artigo de Opinião:

Os “Judas” da Lava Jato

Por Gislaine Buosi

O instituto da Delação Premiada é uma das ferramentas da Operação Lava Jato – força-tarefa da Polícia Federal que apura, desde 2014, o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimenta cifras gigantescas nos bastidores da maior petrolífera brasileira, a Petrobras. Entretanto, há que se registrar que a delação premiada, ainda que não com essa nomenclatura, não é novidade no ordenamento jurídico pátrio – desde a criação do Código Penal, em 1940, é possível o abrandamento da pena (e não a impunidade) por meio da confissão ou do arrependimento do réu. Mas, só agora, depois de o Ministério Público e a Polícia Federais resgatarem o modelo investigativo das autoridades italianas, é que a Delação Premiada ganhou repercussão, maiormente por fazer parte dos recortes midiáticos.

E então surge a dúvida: a Delação Premiada é eticamente defensável? Nem mesmo os especialistas do Direito chegam a um consenso – de um lado há os que criticam a medida, ao fundamento de que ela esbarra na impunidade. Ora, com efeito, o delator só se dispõe a revelar os labirintos da organização criminosa em troca da diminuição da pena ou, até mesmo, em alguns casos, do perdão judicial. Fica claro que essa troca de favores beneficia apenas o delator e não os demais atores da organização. Resultado: quatro ou mais partícipes do mesmo crime terão penas distintas, o que, sem dúvida, quebra o princípio da isonomia entre os criminosos.

Do outro lado, os defensores da medida veem, em nome do interesse público – que, obviamente, é sempre maior que o individual –, a possibilidade de se desbaratar mais rapidamente as sofisticadas organizações criminosas, com o propósito não só de evitar novos delitos, mas também de oferecer mecanismos eficientes à devolução dos valores espoliados do erário.

Desse modo, a Delação Premiada, ainda que aparentemente fira acordos de cavalheiros, é instituto referendado pelas leis brasileiras – contra elas, a essa altura, não cabe contestação, mas obediência.

A Notícia é relato de um acontecimento fresco, tanto de interesse geral, quanto de determinado segmento da sociedade. A notícia é veiculada em jornais impressos e televisivos – no caso dos primeiros, normalmente, no dia posterior ao evento que se está cobrindo; no caso dos segundos, geralmente instantes depois de ocorrido o evento.

Qualquer pessoa pode dar uma notícia, escrever um relato sobre algo que aconteceu, que vai acontecer ou que está acontecendo, mas quando vem acompanhado de uma opinião pessoal, mesmo com a contextualização de mercado ou tendência, a notícia, ressalvadas algumas especificidades, transforma-se em um Artigo de Opinião.

Para compor a notícia, é preciso seguir um lide jornalístico, e então encontrar respostas para: O QUE?; QUEM?; POR QUÊ?; PARA QUÊ?; COMO?; QUANDO? e ONDE?

Exemplo de notícia:

Ao menos 16 pessoas foram presas durante operação integrada das Forças Armadas e polícias em sete comunidades da zona norte do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (21), segundo balanço divulgado às 11h50. Em razão da operação, 22.548 alunos estão sem aulas hoje em 31 escolas, 11 creches e 12 Espaços de Desenvolvimento Infantil, segundo a Secretaria Municipal de Educação.

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/08/21/forcas-de-seguranca-fazem-megaoperacao-em-comunidades-do-rio.htm

A Reportagem, também chamada de matéria, é uma construção mais complexa: ela demanda consulta a várias fontes, tomada de depoimentos, inspeção de ambientes, coleta de dados de mercado, investigação de documentos – tudo para maior propriedade e segurança acerca daquilo que se vai reportar. É estratégia do repórter levantar questões e hipóteses, como um norte a ser vasculhado e, obviamente, respondido/esclarecido ao longo da reportagem. Ultimamente, é bastante comum o repórter fazer a cobertura de guerras, eleições, atentados, casos de corrupção – percebamos que a reportagem vai além da notícia, ainda que a reportagem possa iniciar-se com uma notícia; contudo, a notícia não é uma reportagem, vez que a notícia esgota-se em si mesma.

Exemplo de reportagem: Globo Repórter.

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