Brasil sofre com falta de 7,77 milhões de residências – universidades
desenvolvem soluções construtivas de baixo custo que podem ajudar a resolver o
problema
Num país que aprendeu a naturalizar movimentos sem-terra ou sem-teto, o
convívio diário com um déficit habitacional recorde parece banal: segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2017, no Brasil faltam
7,7 milhões de casas para que a população encontre não apenas condições
decentes de vida, como também tenham acesso ao que é considerado direito humano
à habitação. (...) Para tentar reverter o quadro, células de pesquisas em todo
o território nacional se dedicam a estudar e desenvolver alternativas
construtivas de baixo custo e de reduzido impacto ambiental, para dar novo
sentido à construção civil brasileira, e esbarram, entretanto, na falta de
investimentos e burocracia para ver os projetos saírem do papel.
O déficit habitacional refere-se à quantidade de famílias em condições
de moradia inadequadas, ou seja, que residem em construções que precisam ser
inteiramente repostas, porque foram feitas com material precário e não
duradouro; casos de coabitação – famílias que dividem uma mesma casa ou uma
quantidade excessiva de pessoas no mesmo quarto; além do aluguel inadequado,
quando uma família compromete mais de 30% da renda com aluguel. Isso quer dizer
que o déficit corresponde ao número de residências que precisam ser construídas
para que todas essas famílias sejam devidamente acomodadas.
Tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos quanto a Constituição Brasileira
reconhecem que moradia é um direito fundamental do cidadão. Mas essa não é a
realidade de milhares de brasileiros que moram em favelas, cortiços e
comunidades carentes, sem saneamento básico (água potável e rede de esgoto),
eletricidade e outras melhorias. Entre os problemas sociais relacionados à
falta de moradia estão a exclusão social, o desemprego e a violência. Na
maioria das favelas, traficantes aproveitam a ausência do Estado para criar
facções criminosas que cooptam e coagem as comunidades. Há ainda conflitos de
natureza social e política envolvendo movimentos como os sem-terra e os
sem-teto.
Há muito tempo se convencionou dizer que o Brasil tem “déficit
habitacional”. A expressão voltou às manchetes, em razão do desmoronamento, no
centro de são Paulo, de um prédio que abrigava quase 150 famílias de sem-teto.
Segundo se diz, essas pessoas, bem como os outros milhares que vivem nas ruas
ou então em condições insalubres e perigosas nas chamadas “ocupações” de
prédios vazios nas grandes cidades do país, não têm onde morar porque não há
casas suficientes para todos. Mas isso simplesmente não é verdade. O que lhes
falta é dinheiro para pagar o que se pede no mercado imobiliário, mesmo em
regiões afastadas do centro. O correto então seria falar em “déficit de renda”.
Pode parecer mera questão semântica, mas não é. Quando se considera que há
“déficit habitacional” onde não existe, demanda-se a adoção de políticas
públicas que, no mais das vezes, são custosas e equivocadas. Todos os
candidatos a prefeito, a governador e a presidente costumam prometer a
construção de milhões de casas para acabar com o tal déficit. Ocioso salientar
que tais empreendimentos, embora não resolvam o problema, têm alto potencial
eleitoreiro.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
“O déficit habitacional frente ao direito constitucional à moradia”.