Brasil
registra 40 mil internações por falta de saneamento nos primeiros três meses do
ano; gastos chegam a R$ 16 milhões
Internações
ocuparam, em média, 4,2% dos leitos do SUS no primeiro trimestre de 2020.
Estudo da ABES destaca que ocupações acontecem durante a pandemia do
coronavírus e que podem ser evitadas com mais investimento em serviços de água,
esgoto e coleta de lixo.
O saneamento é a infraestrutura mais
básica de uma sociedade, a que traz mais benefícios à saúde das pessoas e ao
meio ambiente. Estamos falando de levar água encanada para a população, de retirar
e tratar os dejetos de suas casas. Um dos principais problemas que vem
decorrendo por muitos anos é a falta de vontade política para que as obras avancem;
para além disso, temos burocracia financeira, dezenas de obras paralisadas por
questões jurídicas ou entraves nos projetos, dificuldades nos licenciamentos;
também faltam projetos. Não há infraestrutura mais atrasada no Brasil do que a
falta de saneamento básico, em especial a carência no atendimento de água
tratada, coleta e tratamento dos esgotos. A falta desses serviços essenciais à
dignidade humana assola milhões de brasileiros, como apontam os dados do SNIS
2017 (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico). Temos cerca de
35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada, quase metade
da população sem coleta de esgotos e apenas 46% dos esgotos coletados do País
são tratados. A carência do saneamento básico atinge a todos.
O saneamento é historicamente visto
no Brasil como um conjunto de serviços que não rende votos e apreciação da
população. Por esse motivo, muitos governantes ignoram essas obras que são a
base da infraestrutura de um país. (...) O governo federal atribui a falta de
investimentos em obras de saneamento à indisponibilidade de recursos. Mesmo com
tantos estudos provando que esses aportes têm retorno e economia o suficiente
para se pagarem ao longo do tempo. Em tese, o governo federal deve financiar o
saneamento, já que isso é colocado como direito constitucional no Brasil.
O Plano Nacional de Saneamento Básico
(Plansab), aprovado em 2007, previa para 2033 a universalização dos serviços de
água e esgoto. No ritmo atual de investimentos, entretanto, esse prazo foi
esticado pelo menos para 2060, de acordo com Ilana Ferreira, especialista em
infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Quanto maior for
esse tempo, maiores os gastos evitáveis do país com Saúde, já que a falta de
saneamento está diretamente ligada à incidência de uma série de doenças – como
leptospirose, disenteria bacteriana, esquistossomose, febre tifóide, cólera –,
e a perdas em produtividade do trabalho.
PROPOSTA
DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo
em modalidade formal da língua portuguesa sobre o tema “Caminhos para a
universalização do saneamento básico no Brasil – questão de cidadania”.