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EFAF - ARTIGO DE OPINIÃO - ARTISTAS REPRESENTANTES DE MINORIAS

ARTIGO DE OPINIÃO - EF ANOS FINAIS

ARTISTAS REPRESENTANTES DE MINORIAS

ARTIGO DE OPINIÃO – ID: JHT


LEITURAS:

Em estudo sobre a ausência/presença de personagens negros na ficção machadiana, Gizêlda do Nascimento afirma que Machado retratou com maestria e coerência a presença de escravos em seus escritos: maestria porque se deve buscar nas entrelinhas do texto ficcional a crítica do escritor à sociedade do seu tempo e às regras que ditavam as relações sociais; e coerência porque “seu compromisso era retratar a sociedade tal qual se lhe apresentava, e aí, o negro não constituía uma representação significativa, melhor dizendo, nem mesmo como ser social era reconhecido.” (www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa) Seguindo essa linha de raciocínio, podemos dizer que o romancista retratava a sociedade brasileira tal como ela era: o negro, visto apenas como força de trabalho, não ocupava espaço na sociedade, não tinha voz, nem vez, personagem mudo excluído da arena pública.  Outro aspecto que deve ser considerado, ao tratarmos da representação do negro na obra do escritor, é o ponto de vista, o lugar de fala do texto. Certamente, a narrativa machadiana não se apresenta como a louvação da classe senhorial brasileira do final do século XIX. A atitude de Prudêncio ilustra a reprodução entre os subalternos do sistema que reduz pessoas a propriedades. Ele, já liberto, irá comprar um escravo para si, a fim de pagar “com alto juro” as pancadas que havia recebido do nhonhô, tornando-se agente da reprodutibilidade do sistema escravista.

LOPES, Elisângela. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/arquivos/autores/machadocritica01.pdf. Acesso em 10.out.2024.


Não obstante, Machado de Assis foi um escritor afetado pela cultura racista. Em sua obra, o protagonismo negro é esquecido. Sabe-se que, naquela época, havia afro-brasileiros empreendedores e profissionais liberais, como o engenheiro André Rebouças, que era próximo da família imperial. Por outro lado, Machado chegou a elaborar tipos femininos complexos e interessantes, dando-lhes proeminência, malgrado o caráter machista e patriarcal da sociedade brasileira. Na obra machadiana, porém, afro-brasileiros estão apenas nos lugares subalternos. São escravizados, alforriados, empregados domésticos, prestadores de serviço. Aliás, um e outro ganham nome. O paternalismo e a condescendência com que são tratados fixam padrão visto até hoje em nossas novelas.

Por André Ricerdo Nunes Martins.

Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/04/5004396-analise-machado-de-assis-o-genio-na-gaiola-do-racismo.html. Acesso em 10.out.2024.


Não é raro atribuir a Machado de Assis o olhar de lince. De fato, a perspicácia do autor captava de longe as deformações sociais que, infelizmente, persistem. (...) Das narrativas machadianas levantam-se intrigas familiares, disputas patrimoniais, amores mal resolvidos, personagens negros subservientes à elite branca do século 19 – e isso nada mais é do que um retrato, quase jornalístico, da produção literária que nasceu com sabor de maturidade. Entretanto, é de se lamentar o fato de alguns desavisados considerarem que Machado tenha dado vez a escravocratas, especialmente, por conta do episódio em que Prudêncio, escravo recém-alforriado, compra para si um escravo. (...) Aqui é possível cogitar duas saídas àqueles que engordam críticas ferinas à expressão máxima da Literatura: ou não são capazes de decodificar a fina ironia machadiana que se esconde nas entrelinhas, ou são leitores que apreciam apenas romances cor-de-rosa, cujo final é sempre permeado de festas e beijos. Fica aqui o alerta: a escrita machadiana foi e é artigo de protesto de primeira qualidade, e não livrinho de abanar esbaforidos em dias de calor intenso.

Por Gislaine Buosi


COMANDO: Depois de lida a coletânea de apoio, escreva um ARTIGO DE OPINIÃO em torno de questões que se levantam a respeito da obra de Machado de Assis – por vezes, há quem o considere racista. Leve em consideração, em especial, esses dois fragmentos:

1)     “...seu compromisso era retratar a sociedade tal qual se lhe apresentava, e aí, o negro não constituía uma representação significativa, melhor dizendo, nem mesmo como ser social era reconhecido.” (www.uel.br/cch/pos/letras/terraroxa).”

2)    “...é de se lamentar o fato de alguns desavisados considerarem que Machado tenha dado vez a escravocratas (...)... é possível cogitar duas saídas àqueles que engordam críticas ferinas à expressão máxima da Literatura: ou não são capazes de decodificar a fina ironia machadiana que se esconde nas entrelinhas, ou são leitores que apreciam apenas romances cor-de-rosa.”


Você já sabe, mas não custa lembrar...

O ARTIGO DE OPINIÃO, como o próprio nome adianta, é um texto em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum tema polêmico. É um gênero textual que se apropria, predominantemente, do tipo dissertativo. Dá-se o nome de articulista àquele que escreve o Artigo. Inserido nos grandes jornais, o Artigo é um serviço prestado ao leitor, com o objetivo de convencê-lo acerca não só da importância do tema ali enfrentado, como também da relevância do posicionamento do articulista. São comuns o apelo emotivo, as acusações, o humor, a ironia – tudo baseado em informações factuais.


O Artigo, geralmente, é escrito na 1ª pessoa, leva título e assinatura.


A estrutura do Artigo de Opinião, ainda que maleável, procura seguir:

. Introdução, com a apresentação do tema e da tese a ser defendida;

. Desenvolvimento, com as argumentações para a defesa da tese e

. Conclusão, com a reafirmação da tese e a provocação do leitor, encaminhando-o para as próprias reflexões.

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