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EM - DISSERTAÇÃO - MODELO FUVEST - DESIGUALDADE SOCIAL E MERITOCRACIA

FUVEST

DESIGUALDADE SOCIAL E MERITOCRACIA

MODELO FUVEST

ID: G5N



Texto I

Há cerca de vinte anos, nos Estados Unidos, havia algo chamado “ação afirmativa”. As universidades foram instruídas a dar pontos extras para as pessoas que vinham de áreas carentes, partes até então desfavorecidas da sociedade. Essas pessoas deveriam ser admitidas, mesmo que não passassem nos exames. Graças a isso, os EUA têm centenas de milhares de políticos, advogados, membros do governo, senadores de pele negra. Eles não conseguiriam isso se não fosse pela ação afirmativa. Mas esses indivíduos que foram os primeiros a se beneficiar dela foram também os primeiros a exigir que ela fosse abolida. (...) Democracia é sobre habilitar os cidadãos a exercerem a cidadania de fato, não apenas pela lei. Somos todos cidadãos por decreto, porque temos documentos, mas isso não significa que todos sejamos capazes de nos envolver nas atividades em que os cidadãos devem ser envolvidos; é sobre habilitar as pessoas a participarem da condução dos assuntos do Estado. Assim, democracia é sobre cuidar não só da opinião da maioria, mas também ajudar as minorias a terem suas vozes ouvidas.

Zygmunt Bauman: Comunicação líquida. Por Nara Almeida/Comunicação Empresarial - 26.01.2015.
Disponível em: https://www.fronteiras.com/entrevistas/zygmunt-bauman-comunicacao-liquida-1424952791
Acesso em 27.ago.2021.



Texto II

Trecho da entrevista com Daniel Markovits, professor de direito na Universidade de Yale, editada por Giuseppe Salvaggiulo e publicada por La Stampa, em 27-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

Stampa: Por que a meritocracia é uma armadilha?

Markovits: Porque refaz a vida como uma competição sem fim que garante os ricos e exclui os outros, incentivando o desenvolvimento do ‘capitalismo humano’, regime econômico em que a formação e as competências dos trabalhadores são a maior fonte de riqueza da sociedade.

Stampa: Com quais consequências?

Markovits: Esse desenvolvimento leva as elites a investirem nas escolas para seus filhos, para que a educação se concentre nas famílias abastadas. Ao mesmo tempo, reestrutura o trabalho dobrando a inovação tecnológica para favorecer justamente aquelas profissões que apenas a educação de elite oferece. Essas transformações impedem que a maioria das pessoas - pobres e classe média - tenha acesso significativo às vantagens sociais e econômicas”.

Stampa: Uma armadilha para os pobres.

Markovits: Não só, porque ao mesmo tempo as elites que parecem se beneficiar dela devem dedicar suas vidas e a de seus filhos a uma escola e a um trabalho alienantes.

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/609684-meritocracia-uma-armadilha-para-os-pobres-mas-tambem-para-as-elites-que-parecem-se-beneficiar-dela.

Acesso em: 27.ago.2021.



Texto III

A primeira razão vem a dizer que “a gente tem o que merece”. Assim como o rico merece sua riqueza, prêmio por seu empreendedor dinamismo, o pobre – por sua falta de aptidão e esforço – merece o seu oposto destino social. Assim como o leal e eficiente trabalhador merece conservar seu emprego, igualmente aquele que o perde merece o escarmento do desemprego, situação na qual merecerá permanecer, se não mostra suficiente capacidade, força de vontade e boa disposição para a busca ativa de outro emprego. Afinal, «oportunidades» não faltam, somente há que saber buscá-las.

Esta justificação meritocrática da desigualdade é tão demagogicamente falsa como certo é o fato de que ninguém merece moralmente nem seu azar genético nem seu azar social, muito desigualmente distribuídos. Ninguém merece moralmente a família que lhe tocou, por sorte ou azar, nascer (rica ou pobre, decente ou depravada, vencedora ou perdedora), nem muito menos as oportunidades – favoráveis ou não – que essa família possa vir a brindar-lhe.

O mesmo cabe dizer dos talentos – poucos ou muitos – com que um determinado indivíduo vem ao mundo. Não selecionamos nossos talentos e ninguém os merece moralmente, já que não temos a escolha de nós mesmos, isto é, não elegemos as consequências dos azares biológicos, da “loteria cortical” ou dos infortúnios socioeconômicos de que somos “vítimas”.

FERNANDEZ, Atahualpa. Disponível em: https://emporiododireito.com.br/leitura/meritocracia-e-desigualdade-parte-2, adaptado.
Acesso em 27.ago.2021.



Texto IV


Charge do Duke.
Acesso em 31.ago.2021.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, empregando a norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: A DESIGUALDADE SOCIAL BRASILEIRA FRENTE AO MITO DA MERITOCRACIA.

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