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EM - DISSERTAÇÃO - MODELO FUVEST - O DIREITO À LITERATURA - ANTONIO CANDIDO

FUVEST

"O DIREITO À LITERATURA", ANTONIO CANDIDO

DISSERTAÇÃO MODELO FUVEST

ID: JBX


Fragmentos de Antonio Candido, crítico literário:

“Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. (...)

O que há de grave numa sociedade como a brasileira é que ela mantém com a maior dureza a estratificação das possibilidades tratando como se fossem compressíveis muitos bens materiais e espirituais que são incompreensíveis em nossa sociedade há fruição segundo as classes na medida em que um homem do povo está praticamente privado da possibilidade de conhecer e aproveitar a leitura de Machado de Assis ou Mário de Andrade. Para ele, ficam a literatura de massa, o folclore, a sabedoria espontânea, a canção popular, o provérbio. Estas modalidades são importantes e nobres, mas é grave considerá-las como suficientes para a grande maioria que, devido à pobreza e à ignorância, é impedida de chegar às obras eruditas. (...)

Para que a literatura chamada erudita deixe de ser privilégio de pequenos grupos, é preciso que a organização da sociedade seja feita de maneira a garantir uma distribuição equitativa dos bens. (...) A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável tanto a literatura sancionada (autorizada, aprovada) quanto a literatura proscrita (censurada, proibida); a que os poderes sugerem e a que nasce dos movimentos de negação do estado de coisas predominante. (...)

Entendo aqui por humanização (já que tenho falado tanto nela) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante.”

(Sobre o autor: Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017) foi crítico literário, sociólogo, professor e, sobretudo, o intelectual que soube interpretar o Brasil, em suas mais diferentes facetas – social, educacional, política e econômica. Os fragmentos acima foram recolhidos de seu ensaio “O Direito à Literatura”, 1995, que explora o significado e a extensão dos direitos humanos.)




Charge de Laerte. Disponível em https://1.bp.blogspot.com/_XIs9yZyippM/TDpbUtXlJGI/AAAAAAAALn4/9RNLJOao7sQ/s1600/screenshot2.png. Acesso em 20.set.2024.



PROPOSTA DE REDAÇÃO: Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista, em especial, sobre o fragmento: “A Literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante”

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