A Constituição de 1988 foi definida pelo Ulysses Guimarães como “Constituição cidadã”, porque ampliou os direitos e garantias individuais em várias áreas. Além disso, contou com a participação efetiva da população. Por esses motivos, especialistas consideram-na a mais democrática de nossa história e uma das mais progressistas do planeta. Movida pelo ideal de igualdade, a nova Carta Magna, apregoa que todos os brasileiros são iguais perante a lei e têm direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Entre os princípios fundamentais da República, estão a cidadania e a dignidade da pessoa humana, conceitos até então inéditos na lei brasileira. O documento garantiu ainda o acesso universal à educação, à saúde e à cultura. O documento assinalou o direito dos analfabetos ao voto e permitiu o voto de jovens a partir de 16 anos. Ele trouxe ainda novas conquistas de direitos humanos e para grupos como crianças, jovens, idosos, mulheres, negros, indígenas e pessoas com deficiência.
Para garantir a qualidade de vida, foi determinado que o Estado deveria prover serviços, programas e ações em benefício da população. Na Saúde, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS). A Educação foi considerada como dever do Estado e foi ampliada a educação rural. Foram estabelecidos mais direitos trabalhistas e foi feita a reforma do sistema tributário. O direito do consumidor também foi reconhecido, assim como a importância da biodiversidade e da preservação do Meio Ambiente. A Constituição de 1988 trouxe uma estabilidade política ao país e entrou para a história por causa do resgate da democracia e dos grandes avanços na conquista da cidadania. De 1988 para cá, o documento sofreu diversas alterações, refletindo as novas demandas do Brasil.
A Constituição Federal Brasileira completa 35 anos,
e ainda há desafios a serem enfrentados para que as garantias de direitos
conquistados com a promulgação do texto, em 1988, sejam efetivamente
respeitadas. Entre os desafios levantados por especialistas estão: direitos sociais, democracia e harmonia entre Poderes. (...) Para a
completa vigência do Estado Democrático de Direito, segundo Cristiano Paixão, professor
da Universidade de Brasília (unB), é necessário romper barreiras como as das
altas taxas de homicídio, das desigualdades sociais, das discriminações e da
violência policial. Ainda segundo o professor, só assim será possível construir
uma sociedade melhor. Paixão destacou ainda questões como o combate às fake
news e ao discurso de ódio. Segundo ele, "é totalmente possível extrair do
texto constitucional a vedação dessas posturas". "O artigo 5º da Constituição,
além de prever a liberdade de expressão, também estipula a inviolabilidade da
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando o
direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação", detalhou.
Já para o advogado constitucionalista Max Kolbe, a
Constituição Federal estabelece de forma clara e objetiva as atribuições de
cada Poder. Assim, ele menciona que, 'ainda que os Poderes da República sejam
independentes e harmônicos entre si, há um sistema de freios e contrapesos
absolutamente legítimo e eficaz previsto'. "A meu sentir, o maior desafio
a ser perseguido por nossa atual Constituição é a harmonia e, acima de tudo, a
independência entre os Poderes, ou seja, sem que um não interfira na atribuição
do outro; o respeito aos direitos e as garantias fundamentais elencados no
artigo 5º da Constituição Federal; a efetivação dos direitos sociais e, acima
de tudo, efetivar a vontade do Constituinte Originário quando da efetivação do
Preâmbulo Constitucional", explicou.
Diante disso, o advogado constitucionalista Mozar
Carvalho analisa ser fundamental que a interpretação e aplicação da
Constituição ocorra de forma íntegra, sem desvios motivados por conveniências
políticas momentâneas. Para tanto, o especialista relembra e reforça que a Constituição
de 1988 é reconhecida pela riqueza de direitos e garantias fundamentais, bem
como por estabelecer objetivos expressos para a construção de uma sociedade
justa, livre e solidária. "Penso que a concretização plena e íntegra do
texto constitucional, respeitando seu espírito e finalidade, sem que seja
cooptado por interesses políticos, é talvez o maior desafio que nossa Carta
Magna enfrenta", pontou Carvalho.
HOLANDA, Rafael. https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/10/05/nos-35-anos-da-constituicao-direitos-sociais-democracia-e-harmonia-entre-poderes-sao-desafios-apontam-especialistas.ghtml.
Adaptado. Acesso em 25.out.2023.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio
e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o
tema: “35 anos da Constituição Cidadã – avanços, retrocessos e impactos
sociais”. Apresente, ao final, uma proposta de intervenção social que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.