Ir embora por pavor do que vem
pela frente é uma decisão dolorosa. De de uma hora para outra, tudo o que é
conhecido fica para trás, perdem-se amigos próximos, objetos de estimação e o
próprio chão que sustenta uma vida cotidiana normal. Neste século, o drama dos
refugiados se escancarou em diversos pontos do planeta, em botes de borracha
afundando no mar, no arame farpado fechando fronteiras e na superlotação de
precários acampamentos. Ver o êxodo acontecer na rica e civilizada Europa,
porém, é um choque tão profundo quanto a ocorrência de uma guerra entre dois
países do continente, deflagrada pela insanidade de Vladimir Putin. Na Ucrânia, o último trecho da
fuga desesperada é percorrido de carro, de ônibus e, muitas vezes, a pé, no ar
gelado do inverno europeu.
Em duas semanas, mais de 2 milhões
de pessoas deixaram suas vidas para trás, metade delas crianças, 40% pelo
corredor que parte de Lviv — uma migração quase sem precedentes em tão curto
espaço de tempo. “Já observamos cenários parecidos em outras partes do mundo,
mas a esta velocidade é a primeira vez desde a II Guerra Mundial”, diz Filippo
Grandi, do Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. A estimativa é
de que 4 milhões de pessoas — 10% da população — sairão da Ucrânia nos próximos
seis meses, mas, se a guerra se arrastar, o total pode ser bem maior. Como
todos os homens entre 18 e 60 anos foram convocados para a defesa, as imensas
filas de fugitivos são compostas quase que só de mulheres, crianças e
idosos.
LEI Nº 9.474, DE 22 DE JULHO DE 1997 – IMPLEMENTA
ESTATUTO DO REFUGIADO
Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo
indivíduo que:
I - devido a fundados temores de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas
encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira
acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país
onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a
ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de
direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar
refúgio em outro país. (...)
Art. 7º, § 1º Em hipótese alguma será efetuada sua
deportação para fronteira de território em que sua vida ou liberdade esteja
ameaçada, em virtude de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião
política.
Texto III
No território nacional, o refugiado pode obter
documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos civis que qualquer
cidadão estrangeiro em situação regular no Brasil. (...) Em vigor desde 2017, a
Lei de nº 9474 trata o movimento migratório como um direito humano e garante ao
migrante, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade.
(...) Essas pessoas são designadas “refugiadas” e
seguem rumo a outros países, fugindo principalmente da miséria, da intolerância
política e religiosa, da persistência de conflitos civis e de guerras. Fazem-no
navegando em embarcações precárias, em busca da sobrevivência em territórios
onde jamais estiveram. O deslocamento geográfico é apenas o primeiro desafio
que enfrentam, uma vez que a retomada de seus direitos, ou pelo menos de parte
deles, depende não só de seu pleno amparo físico em território desconhecido,
mas, principalmente, de sua reintegração social no destino no qual desembarcam.
Assim, cabe aos órgãos específicos de proteção aos refugiados, conjuntamente
com a solidariedade dos Estados, a difícil missão de garantir a eles sua devida
proteção, tanto social quanto jurídica. Os direitos humanos são universais e
precisam de uma maior atenção internacional para a recepção e a concessão de direitos,
devendo ser deixado de lado interesses puramente políticos e econômicos, para
dar lugar a uma visão e a um tratamento mais humanitário, no qual se preze o
valor da vida e seja observada a dignidade da pessoa humana, se sobrepondo às
barreiras físicas e legais hoje existentes.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e
com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o
tema: “Desafios para o acolhimento aos refugiados no mundo contemporâneo”. Apresente,
ao final, uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.