A adultização é
um fenômeno em ascensão, que acontece quando crianças são incentivadas,
intencionalmente ou não, a adotarem preocupações, responsabilidades e até mesmo
comportamentos adultos. Esse processo pode ser sutil, manifestando-se na forma
como elas se vestem, nos brinquedos e nas atividades que lhes são propostas, no
que consomem, ou mais explícito, como quando assumem responsabilidades
domésticas excessivas ou são expostas a conteúdos impróprios para sua idade.
Existem diversos fatores que contribuem para a adultização.
Muitas vezes, os apelos da mídia e da indústria da moda impulsionam essa tendência, criando uma imagem de que ser "adulto" é sinônimo de ser atraente ou bem-sucedido. As redes sociais também desempenham um papel significativo, pois as crianças observam e, em grande medida, imitam os comportamentos dos influenciadores que, apesar de jovens, exibem uma vida adulta bem-sucedida. Os riscos e as consequências da adultização são diversos, entre os quais a ansiedade, a depressão e a baixa autoestima. Isso ocorre porque elas podem sentir-se pressionadas a atender a expectativas que estão além de suas capacidades emocionais e cognitivas. A pressão para se comportar de maneira adulta pode privá-las da oportunidade de viverem uma infância plena, o que é essencial para um desenvolvimento saudável. (...) O mais grave é que a adultização pode levar a uma sexualização precoce e, por sua vez, lamentavelmente, à gravidez. Isso não apenas coloca as crianças em risco de exploração e abuso, como também pode distorcer sua compreensão das relações saudáveis e do consentimento. (...) Seleção e vigilância à programação e aos sites a que crianças têm acesso são o primeiro passo para evitar-se a adultização.
Sobre a
adultização: Mas o que fazer para atenuar esse quadro, uma vez que a vida
agitada de muitos pais e responsáveis quase sempre compromete os momentos de
atenção e conversas que deveriam ser dedicados exclusivamente aos pequenos? De
acordo com a profissional de Recursos Humanos com formação em Psicologia,
Jéssica Cardoso, os pais podem abordar esse tema por meio de diálogos que
mostrem às crianças como é importante e bom aproveitar a infância, já que que
existe tempo para cada período da nossa vida, e que não precisamos antecipar
nada, pois logo a fase adulta chegará. “Também é importante proporcionar um ambiente que estimule brincadeiras e tudo o
que o universo infantil tem de bom a oferecer, como filmes, histórias e jogos. Vivenciar esses momentos com os pequenos pode ser ainda mais especial,
pois participamos de cada etapa do seu desenvolvimento gerando conexão e boas
memórias”, recomenda.
Família, filhos e
redes sociais: a conta fecha?
Em pesquisa
realizada pela Consulta Brasil, 66% das crianças entre 9 e 17 anos declararam
ter começado a usar redes sociais antes dos 12 anos, inclusive mentindo sobre a
idade para ter acesso a um perfil. Uma mãe que preferiu não se identificar
disse que só descobriu que sua filha tinha uma conta em uma rede social porque
a mãe de uma outra aluna comentou com ela sobre uma postagem. “Como trabalho
muito, pois sou pai e mãe dos meus filhos, acabo realmente deixando a desejar
no quesito acompanhamento quanto ao uso da internet no celular”, reconhece. Se
por um lado as crianças fazem uso dos conteúdos da internet, muitas vezes
escondidas dos pais, para 51% dos entrevistados, pela Consulta Brasil, os
adolescentes se abrem mais na grande rede do que com os pais. Segundo Márcio
Gonçalves, cabe não somente aos professores, “mas também aos pais, ensinar aos
filhos como interpretar as mensagens e conteúdos lançados nas mídias”.
Disponível em: https://www.appai.org.br/appai-educacao-revista-appai-educar-edicao-147-materia-de-capa-adultizacao-infantil/.
Acesso em 15.ago.2024.
PROPOSTA DE REDAÇÃO:
A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Mídia
e adultização – consequências da perda irreparável da infância”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.