A história é repleta de casos de pessoas tentando
manipular as outras por meio de desinformação. (...) Não há uma solução
definitiva para superar o grave assédio da desinformação contra a democracia. O
que se sabe é que a missão só pode ser realizada por muitas mãos. É preciso
mobilização de governos, parlamentos, tribunais, sociedade organizada, empresas
e pessoas, para que haja esperança de mudança do cenário. (...) Enfrentamos,
agora, um “tsunami desinformacional” e nos tornamos cobaias de experimentos de
controle e interferência na realidade, com as redes sociais determinando quem
precisamos ser, o que devemos consumir e até em quem não votar. Destruir
reputações por meio de notícias falsas é mais eficiente do que cultivar
tolerância, construir soluções e debater honestamente; é mais prático do que
procurar posições de consenso e equilíbrio político. Mas a destruição de
reputações nunca ocorre isoladamente. O conjunto da obra demanda corroer a
confiança na ciência, nas instituições democráticas, no jornalismo profissional
e em freios e contrapesos que viabilizam a democracia. (...) Em todo o planeta,
têm aflorado vocações autoritárias populistas diante de olhares atônitos e
ainda paralisados pelo confuso dilema moral da censura e da liberdade de expressão.
A democracia está em risco e, por causa de sua própria natureza, sofre para
reagir. Poderá morrer se não for socorrida a tempo. Enquanto cidadãos,
precisamos fazer escolhas éticas em nossa própria vida digital, além de cobrar
ética das empresas fornecedoras de bens e serviços e ensejar a privacidade como
valor no uso da tecnologia. É preciso educar formal e digitalmente, estimular o
desenvolvimento de senso crítico para que as novas gerações avaliem melhor o
que lhes chega disfarçado de informação. Também nos cabe interagir com
parlamentares, propor e pressionar por legislações, regulação governamental ou
autorregulação ética das plataformas de mídias sociais. (...) É preciso cuidar
da democracia, seja por compreender a necessidade de cuidar de seus defeitos e
idiossincrasias, seja por rejeitar a visão medonha do passado e do quão caro a
democracia custou a nossos antepassados.
LORENS,
Evandro. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2021/04/4917137-artigo-fake-news-e-desinformacao-uma-ameaca-a-democracia.html.
Adaptado para fins didático. Acesso em 16.mai.2024.
Texto II
A disseminação de notícias falsas está prejudicando
o trabalho de resgate e assistência às vítimas das fortes chuvas que assolam o
Rio Grande do Sul, afirmou o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação
Social) Paulo Pimenta em entrevista ao UOL News, em 9-5-2024. “Converso
diariamente com o pessoal da Defesa Civil e das Forças Aramadas, que estão
fazendo o salvamento. Ninguém aguenta mais essa onda organizada e de forma
industrial de disseminação de notícias falsas. Parte da energia que estamos
usando para desmentir essa ação organizada e criminosa nós poderíamos utilizar
para salvar vidas, ajudar no abastecimento e pensar em coisas urgentes. Cada
hora surge uma nova fake news. Espalharam de forma criminosa que o país estaria recusando auxílio de outros países. Vocês realmente acham que teria sido recusado algum apoio oferecido a nós, o qual fosse fundamental nesse momento?
Disponível
em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/09/ninguem-aguenta-mais-onda-de-fake-news-sobre-tragedia-no-rs-diz-ministro.htm.
Adaptado para fins didáticos. Acesso em 16.mai.2024.
Texto III
O Governo Federal está acionando mecanismos legais e
criou uma página especial para combater as fake news relacionadas à ajuda às
vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. A Secretaria de Comunicação da
Presidência desenvolveu uma área específica para reunir as ações federais
destinadas a minimizar os efeitos das inundações ocorridas em maio-2024. As
informações são do Governo Federal. A ação integrada envolve 17 ministérios e
milhares de militares, membros da defesa civil, técnicos, policiais e
bombeiros, que já realizaram quase 10 mil salvamentos em todo o estado.
Disponível em: https://terrabrasilnoticias.com/2024/05/governo-desenvolve-pagina-para-evitar-fake-news-sobre-ajuda-aos-gauchos/.
Adaptado. Acesso em 7.mai.2024.
A propagação de fake news durante emergências, como
enchentes, não só prejudica os esforços de resposta do governo, como também afronta
a própria democracia. A desinformação mina a confiança nas instituições
democráticas, além do que provoca o medo entre os cidadãos. Quando informações
falsas são disseminadas, enfraquece (e até mesmo inviabiliza) a comunicação
entre o governo e os governados, o que é essencial para a tomada de decisões, principalmente,
em tempos de crise. Fica claro que notícias falsas desestabilizam a ordem
pública e impedem que a vontade coletiva, um pilar da democracia, seja
efetivamente traduzida em ações coordenadas e eficientes para salvar vidas e
restaurar a normalidade.
Prof.ª
Gislaine Buosi
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio
e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “As fake news e a consequente
desestabilização sociopolítica em tempos de crise”. Apresente proposta de
intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.