Disponível em: https://www.stevebiko.org.br/. Acesso em 5.jul.2024.
Texto II A degeneração da imagem das sociedades africanas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado do projeto do Capitalismo, que difundiu a ideia de que o continente africano é tórrido e cheio de tribos perdidas na História e na Civilização. É resultado também do etnocentrismo das ciências europeias do século XIX. É necessário, pois, ver de que História e de que Civilização se trata. E do ponto de vista histórico-econômico, o imperialismo colonial na África é meio e produto do Capital, uma das grandes invenções que vem desde a era dos Descobrimentos reforçada ainda mais pela consolidação do Liberalismo.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data
emblemática no Brasil que ressalta a necessidade de reflexão sobre a posição
dos negros na sociedade. Este dia não apenas homenageia a memória de Zumbi dos
Palmares, líder do maior quilombo do período colonial, como também serve para
rememorar o longo caminho percorrido e ainda a ser trilhado na luta contra o
racismo e a desigualdade racial.
No contexto social e político, a data estimula o reconhecimento das
contribuições da população negra no desenvolvimento do país, desafiando
estereótipos e promovendo a igualdade de direitos. Culturalmente, o Dia da
Consciência Negra destaca a riqueza da herança africana que permeia nossa
música, dança, gastronomia e religião, entre outros aspectos. Contudo, apesar
de sua relevância, a cultura afro-brasileira ainda é abordada de maneira pouco
significativa nas escolas, o que aponta para a necessidade de uma educação mais
inclusiva e representativa que valorize e dissemine o conhecimento sobre a
história e a cultura afro-brasileira.
Ana Paula Amorim, jornalista.
Texto IV “Apesar de a Educação brasileira registrar algum avanço no ensino da cultura negra nos últimos anos, existe uma lacuna na formação dos comunicadores na relação de gênero, raça e etnia. O que acontece muitas vezes é que os professores também não tiveram essa formação, e, então, eles não entendem porque é importante abordar a história africana, afro-brasileira, a cultura, a diversidade. Não abordar essas questões é inviabilizar a igualdade e manter um status quo de não negros, de negros, de indígenas, de ciganos. A comunicação é estratégia para adquirir e garantir direitos.”
Sátira Machado, Mestra em Letras e Doutora em Comunicação, é Professora no Bacharelado em Produção e Política Cultural da Unipampa-RS.
Texto V
Embora tenhamos apelos
midiáticos que sugerem a máxima “somos todos iguais”, o combate ao racismo é
ineficiente – e, por isso, a persistência – o que fica claro não só pelo grande
número de pessoas negras pobres e analfabetas, como também pela disparidade
entre as remunerações de brancos e negros. Isso sem contar o fato de a cultura
afro não ser explorada suficientemente, em especial nos currículos escolares.
Aliás, é importante anotar que, apesar de os estudantes do Ensino Médio terem
contato com a literatura brasileira, é preciso admitir que nossos ancestrais
africanos não são, de fato, contemplados – isso equivale a dizer que o débito
histórico que temos com a raça negra nunca será quitado. É certo que,
ultimamente, uma medida paliativa vem sendo aplicada pelas universidades
federais, qual seja a leitura obrigatória de escritores africanos, como Luís Bernardo
Hanwana e Paulina Chiziane – porém, isso se dá fora de contexto, uma
vez que o vestibulando é surpreendido, às vésperas do vestibular, com algo quase
que alheio ao currículo do Ensino Médio.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:"Dia da Consciência Negra - a questão acerca do reconhecimento e do respeito
à cultura afro-brasileira". Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.