Com respeito às armas nucleares, o
medo é, em grande medida, necessário. Suas origens imediatas não são muito
surpreendentes, pois as imagens de Hiroshima e Nagasaki são persistentes.
Qualquer tecnologia que faz a sua estreia mundial pondo em chamas dezenas de
milhares de civis é, certamente, temida com toda razão. O medo está presente em
todas as avaliações sobre armas nucleares, sejam a favor ou contra. Aqueles que
são contra querem acabar com a possibilidade de novos horrores e aqueles que
são a favor transformam o medo em uma ferramenta para manter certa ordem global,
desencorajando inimigos de fazer coisas que eles próprios prefeririam não
fazer. Para as aplicações pacíficas da energia nuclear, o medo é uma questão
mais complexa.
Estudos apontam que esta é a forma mais segura de
eletricidade.
É cada vez mais frequente a quantidade de estudos
publicados nas principais revistas científicas do mundo que apontam que as
usinas nucleares são, de longe, a maneira mais segura de produzir eletricidade.
Durante as duas primeiras décadas de produção, as pessoas apresentaram certa
euforia com a novidade. Porém, o que veio na sequência foi o receio
generalizado – para muitos, o medo está relacionado à associação histórica das
usinas nucleares com armas nucleares. (...)
Mas como o comportamento frente à tecnologia passou
da glamourização na década de 1950 para o medo atual?
A resposta mais comum para essa mudança de
comportamento está relacionada aos acidentes nucleares de Three Mile Island,
Chernobyl e Fukushima. Mas, ainda assim, esses acontecimentos provaram a
segurança relativa e não o perigo relativo da energia nuclear. Nenhuma pessoa
morreu por conta da radiação em Three Mile Island e Fukushima. Menos de 50
morreram em Chernobyl nos 30 anos após o acidente. O motivo pelo qual as
pessoas passaram a ver esses acidentes nucleares de forma tão catastrófica foi
a maneira como as gestões políticas responderam a eles. Em vez de encorajar a
população a ter calma e prosseguir com a rotina, os governantes instauraram o
pânico e provocaram a evacuação de centenas de milhares de pessoas dos locais. “Muita
gente foi removida da área de Chernobyl por volta de cinco a dez vezes entre
1986 e 1990”, escreveu uma equipe de cientistas de primeira linha na publicação
“Process Safety and Environmental Protection”. Sobre o acidente nuclear de 2011
no Japão, os cientistas disseram ser “difícil justificar a remoção de qualquer
um de Fukushima por motivos de proteção radiológica”. Em outras palavras, foi a
reação ao acidente – e não ele – que resultou no popular medo da tecnologia.
A usina nuclear de Chernobyl foi capturada pelos militares da Rússia, de acordo com um conselheiro do gabinete presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak. "É impossível dizer se a usina nuclear de Chernobyl está segura após um ataque totalmente sem sentido dos russos", disse. "Essa é uma das ameaças mais sérias na Europa agora.” (...) O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também denunciou a intenção dos militares russos, após a informação de que tropas russas vindas de Belarus entraram numa área próxima à antiga usina. Segundo Zelenskiy, as forças ucranianas travam um combate para evitar que tropas da Rússia capturem Chernobyl, que está localizada a 120 km de Kiev, capital da Ucrânia. Autoridades da Ucrânia relatam combates perto do depósito de resíduos nucleares da central de Chernobyl. (...) "As forças de ocupação russas estão tentando capturar Chernobyl. Nossos defensores estão dando suas vidas para que a tragédia de 1986 não se repita", escreveu Zelensky. "Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa.”
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2022/02/24/presidente-da-ucrania-acusa-russia-de-querer-controle-da-usina-de-chernobyl.htm. Acesso em 14.mar.2022.
Texto IV
Texto V
As armas nucleares promovem reflexões morais. Por
serem armas de destruição em massa, se utilizadas em grande escala, não permitem
separar civis de combatentes, por exemplo. Por este motivo, muitos consideram
seu uso ou mesmo seu desenvolvimento, imoral. Se utilizadas em pequena escala,
as armas nucleares podem funcionar do mesmo modo que armas convencionais. Mas
como garantir que a partir desse primeiro ataque e de suas retaliações –
principalmente se o Estado atacado também possuir a tecnologia nuclear – não
haverá escalada do conflito e destruição total? Desse modo, é possível que um
Estado que utilize armas nucleares em algum conflito sofra grande represália internacional,
pelo caráter imoral que muitos atribuem a esses armamentos.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e
com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o
tema: "O medo atômico é estratégia de conflitos políticos?"
Apresente,
ao final, uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.