“Que continuemos a
nos omitir da política, é tudo o que os
malfeitores da vida pública mais querem.”
Bertold Brecht
Texto II
Pátria, ao fim e ao
cabo, é uma construção, não um sonho; é um processo de enfrentamento da
realidade, não de idealismo; amar a Pátria significa participar da criação de
todos, para todos.
O fato é que temos
ainda uma democracia muito imatura no Brasil, com baixo envolvimento da
população e uma frágil cultura política. Isso é atestado por estudo da
Economist Intelligence Unit, que todos os anos elabora o Índice da Democracia.
Em sua edição mais recente, o estudo coloca o Brasil como a 51ª democracia de
melhor qualidade no mundo, em um grupo de 167 países. Estamos no grupo de
“flawed democracies” (democracias falhas, em tradução livre), de acordo com a
classificação dos autores da pesquisa. (...)
Por que a maioria
não se interessa por política?
Sentimento de
impotência/descrença: as pessoas não acham que existem meios de agir na
política e promover mudanças. Além disso, muitos não enxergam o potencial de
transformação social que tem a política.
Desinteresse: há um
desinteresse em se aprofundar em política, que se altera apenas em eventos de
grande relevância nacional (vide impeachment). De fato, informar-se
constantemente, ler artigos, teses e livros sobre política dá muito trabalho.
Muitas vezes é difícil encontrar dados confiáveis sobre um assunto e as fontes
encontradas simplesmente não se esforçam em transmitir as informações de forma
inteligível ou minimamente imparcial. Além de tudo, qual o benefício de se
empenhar tanto em aprender sobre política? É difícil encontrar respostas
convincentes.
Inação: o
desinteresse de uns leva à inatividade de outros, que mesmo interessados em
política, se veem perdidos e não sabem por onde começar. (...) Faltam exemplos
concretos de ação política na vida da maioria das pessoas.
BLUME, Bruno André. Disponível em: http://www.politize.com.br/politica-importancia-de-se-interessar/.
Acesso em 30.ago.2022.
Texto IV
O Brasil não tem
sorte com seus centenários. O primeiro, em 1922, teve de conviver com os restos
da devastação causada pela gripe espanhola, chegada ao País em 1918. Calculam-se
em cerca de 35 mil as mortes causadas no País, concentradas no Rio de Janeiro e
em São Paulo. (...) O segundo centenário, a ocorrer em 2022, virá na cauda de
outra pandemia, a da Covid-19, chegada ao País em 2020 e que já matou cerca de
620 mil brasileiros. (...) Com a pandemia, temos hoje um país (...) com o
imenso drama social do desemprego, da desigualdade, da exclusão, da fome. Até
agora, não há indicação de que haverá alguma importante celebração oficial,
ficando os registros da efeméride a cargo da mídia, das instituições e do meio
acadêmico. Nesses registros, naturalmente, haverá retomadas de temas
estritamente históricos, mas é importante que sejam também usados como
oportunidade para uma avaliação dos 200 anos de nossa vida independente. Quero
dizer, com isto, examinar a natureza do percurso feito, verificar onde
acertamos, onde erramos e como chegamos à situação atual. Baseados neste exame
podemos também perguntar sobre o que nos pode esperar no futuro próximo. (...) As
mudanças nesses 200 anos foram enormes. Passamos de um país de cerca de 5
milhões de habitantes, dos quais 1 milhão de escravos e 800 mil indígenas, para
outro de 214 milhões; de um país com cerca de 10% de população urbana em 1822,
para outro de 85% hoje; de um país de economia totalmente agrícola em 1822,
para outro com larga participação industrial hoje; de uma população formada
exclusivamente por indígenas, africanos e lusos, para outra muito mais
diversificada pela entrada de italianos, espanhóis, alemães, sírios, libaneses,
japoneses; de uma população concentrada na região costeira para outra que cobre
todo o território nacional. No entanto, todos os analistas que se encarregaram
do tema de nossa trajetória, como Sérgio Buarque de Holanda, Oliveira Viana,
Nestor Duarte, Raimundo Faoro, Gilberto Freyre, Roberto DaMatta, entre outros,
reconhecem que há mais continuidades do que rupturas. Somos um país sem
revoluções. O que chamamos de revolução, como a de 1930, não passou de ajustes
entre grupos dirigentes.
Disponível em: http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/150009.jpg.
Acesso em 30.ago.2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma
padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A importância do patriotismo para a
consolidação de uma sociedade democrática”. Apresente a proposta de intervenção
social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.