Embora as legislações, em especial de países
ocidentais, avancem significativamente para promover a igualdade de gênero e
proteger os direitos das mulheres, a realidade nem sempre reflete o idealismo
do texto frio das leis, uma vez que elas são criadas, o mais das vezes, em contextos
específicos, em dado momento histórico e, por isso, nem sempre são capazes de
absorver as filigranas de outras situações, ainda que semelhantes. Leis são
instrumentos destinados a regular o comportamento humano, estabelecer direitos
e deveres, além de preservarem a ordem em uma sociedade. Porém, para que sejam
efetivas, é essencial que a aplicação delas esteja alinhada com os princípios
de justiça e igualdade. Neste contexto, é crucial reconhecer e enfrentar situações
de preconceito que as mulheres ainda encontram ao redor do mundo, mesmo em
países desenvolvidos, com legislações apuradas. Merecem comento desafios como:
. A desigualdade no mercado de trabalho: mulheres
frequentemente enfrentam disparidades salariais e são sub-representadas em
posições de liderança. Globalmente, as mulheres ganham aproximadamente 77% do
que os homens ganham por um trabalho de valor igual. Além disso, menos de 30%
dos cargos de gerência sênior são ocupados por mulheres, conforme aponta
relatório recente da OIT - Organização Internacional do Trabalho.
. A violência de gênero: a violência contra a mulher
continua sendo uma epidemia global. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima
que 1 em cada 3 mulheres em todo o mundo tenha sofrido violência física ou
sexual em algum momento de suas vidas, muitas vezes perpetrada por um parceiro
íntimo.
. O acesso à Educação: segundo a Fundação Malala, em regiões
como o Sul da Ásia e a África Subsaariana, meninas enfrentam obstáculos culturais
significativos para a escolarização. A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, tornou-se
um símbolo mundial dessa luta, após sobreviver a um atentado por defender o
direito das meninas à educação. Outro registro importante nos dá a Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), segundo a
qual, em muitas partes do mundo, as meninas ainda têm menor acesso à educação
do que os meninos, o que perpetua o ciclo de desigualdade de gênero.
. A saúde reprodutiva: barreiras ao acesso à saúde
reprodutiva são particularmente altas em regiões como a África Subsaariana, Sul
da Ásia e partes da América Latina. Essas barreiras incluem falta de
informação, custos proibitivos de serviços de saúde, leis restritivas e estigma
social. Em muitos desses lugares, a falta de acesso a cuidados de saúde
reprodutiva adequados resulta em altas taxas de mortalidade materna e gravidez
na adolescência. A OMS registra que, na África Subsaariana, a taxa de mortalidade
materna é de 533 mortes por 100.000 nascidos vivos, significativamente maior do
que a média global de 211.
Gislaine
Buosi
Texto II
Apesar das reformas realizadas nos últimos anos
para aumentar a participação feminina na política, as mulheres brasileiras
permanecem distantes dos lugares em que são tomadas as decisões em prol da
democracia. No país que ocupa a lista dos parlamentos federais com menos
mulheres no mundo, aquelas que persistem na esfera política são confrontadas
pela violência de gênero. "Violência política de gênero é um fato que
acomete mulheres de todas as posições no espectro político ideológico",
define a cientista política Mônica Sodré, diretora executiva da Rede de Ação
Política pela Sustentabilidade, em entrevista a Natuza Nery. “Isso tem a ver
com toda e qualquer ação para cercear ou impedir mulheres de se manifestarem e
fazerem valer os seus direitos nos espaços de poder.” (...) Para a cientista
política, outro obstáculo que impede o aumento desses números é a falta de
recursos para combater a desigualdade de gênero.
No cenário científico brasileiro, as mulheres têm alcançado avanços
notáveis. Um exemplo disso é o trabalho da Dra. Ester Sabino e da Dra.
Jaqueline Goes de Jesus, que lideraram a equipe responsável pelo sequenciamento
do genoma do SARS-CoV-2, em tempo recorde, no início da pandemia de Covid-19.
Esse feito demonstra não apenas a capacidade e a eficiência das cientistas
brasileiras, como também a essencial contribuição feminina na pesquisa e
inovação. A dedicação e o conhecimento dessas pesquisadoras abrem portas para
que mais mulheres se vejam representadas e inspiradas a seguir carreira nas
áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), impulsionando o
avanço científico e tecnológico do país.
Prof. Lúcio Amorim
Texto IV
Disponível em: https://espacodemocratico.org.br/noticias/onu-aponta-que-845-das-pessoas-no-brasil-tem-preconceito-contra-mulheres/.
Acesso em 29.abr.2024.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio
e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o
tema: “O preconceito enfrentado pelas mulheres ao redor do mundo”. Apresente
proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.