Saúde: por que nossos professores estão adoecendo?
A principal razão de afastamento de professores da rede pública
de São Paulo é a saúde mental – em 2018, foram 53,1 mil licenças por
diagnóstico de transtornos mentais. “Foram tantas situações que eu enfrentei,
desde dedo na minha cara, chute na porta, até ameaça de que eu ia morrer na
saída. Pai de aluno ameaçando me matar, na cara de policiais. É tanta coisa,
que a gente vai adoecendo.” O relato é da professora Ana Célia Serafim Santos,
de 56 anos. Diagnosticada com depressão, síndrome do pânico e transtorno
bipolar, ela precisou tirar diversas licenças do trabalho como professora de
Língua Portuguesa e Literatura. Com a saúde mental fragilizada, não pôde mais
voltar à sala de aula. Há sete anos, está readaptada em funções administrativas
em ambas as escolas nas quais trabalha. A situação de Ana Célia reflete a de
dezenas de milhares de professores da rede pública de ensino em São Paulo. O
número de licenças por transtornos mentais e comportamentais vem aumentando ano
após ano. O pano de fundo que está adoecendo nossos professores inclui acúmulo
de cargos para ter um salário melhor, ambiente estressante (em alguns casos,
perigoso) e sensação de falta de valorização. Membro do Grupo de pesquisa
Educação, Experiências Docentes e Direitos Humanos do Instituto Federal do Rio
Grande do Sul (IFRS), o professor Gregório Grisa diz que esse quadro evidencia
a desvalorização do profissional no país. “Como na escola se materializam todos
os problemas da sociedade, naquele microcosmo você tem a dimensão da
insegurança, das relações interpessoais negativas entre alunos, colegas, pais,
que instauram esse sentimento de medo, de angústia, que produz adoecimento”,
afirma.
POLLO, Bia Giammei e Luiza.
Disponível em: http://fepesp.org.br/noticia/saude-por-que-nossos-professores-estao-adoecendo/.
O suicídio é uma causa de
mortalidade evitável entre professores no Brasil. (...) Compreender esse
fenômeno é o primeiro passo para a sua prevenção. Segundo dados nacionais de
vigilância epidemiológica do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do
Ministério da Saúde, edição de 2020, que investigou as notificações de mortes
autoprovocadas intencionalmente por professores, de 13.351 óbitos de
professores, houve 142 suicídios – 3 a cada semana. Assim, é preciso apoiar o
desenvolvimento de estratégias abrangentes de prevenção ao suicídio, como a
ampliação do acesso e do acolhimento preventivo de profissionais de ensino
pelas redes de atenção em saúde mental do trabalhador, devendo tornar-se uma
das prioridades na agenda global de saúde pública.
Toda essa rotina pesada e estressante acaba
interferindo na saúde mental dos professores, tornando cada vez mais comum
entre eles o diagnóstico da Síndrome de Burnout. Essa síndrome aparece ligada
ao estresse profissional crônico, e, se não tratada, pode evoluir para a
depressão e até mesmo a ansiedade patológica. Quando o professor espera que o
seu trabalho seja fonte de prazer, seja por amar o que faz, seja também por
passar boa parte dos seus dias em um ambiente escolar, e não recebe desse
ambiente o que se esperava, ele passa a viver frustrado, conta os dias e as
horas para a semana passar logo. Vive triste por enfrentar situações
desgastantes em sala de aula, tendo que lidar inclusive com os problemas
emocionais enfrentados por seus alunos (alunos que vão pra escola sujos, que
relatam violência em casa, abandono familiar, além de apresentarem dificuldades
de aprendizagem) e assim os professores carregam além dos seus problemas
pessoais também os problemas dos seus alunos, chegando assim em um total nível
de estresse e exaustão.
ALVARENGA,
Ana Paula. Disponível em: https://www.psicologiasdobrasil.com.br/sindrome-de-burnout-professores-x-saude-mental/.
ADAPTADO para fins didáticos.
Acesso em 4-abr-2023.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de
apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa,
sobre o tema: “Caminhos para preservar a saúde mental dos professores no Brasil
contemporâneo”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.