Em cartas reunidas pela ONG Redes da Maré e
entregue à Justiça (...), crianças do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro,
descreveram cenas de terror provocadas pela atuação policial na favela.
“Não gosto do helicóptero porque ele atira
para baixo e as pessoas morrem”, escreveu uma das criança, que não especifica
nome ou idade, para os desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, de acordo com reportagem publicada pelo site do El País.
Violência policial e banalização da vida se repetem
em regiões brasileiras durante operações
O Brasil acorda (...) com episódios de
extermínios e abusos em atuação policial. A polícia protagoniza atos de
violência, tortura, e abuso de autoridade. Estamos atônitos com o caso do
Genivaldo de Jesus Santos, homem com transtornos mentais, de 38 anos, que foi
assassinado em 27/05/2022, após uma abordagem de policiais rodoviários
federais, no município de Umbaúba/SE. Ele foi imobilizado e colocado dentro do
porta-malas da viatura. Nas imagens, é possível ver que o carro estava tomado
por uma fumaça branca, enquanto Genivaldo gritava. Agentes do Estado, que detêm
o dever legal de proteger aquele cidadão, investidos de um comportamento
psicopata, aqueles policiais escancaram sua completa ausência de empatia pelo
outro. Desumanizaram Genivaldo; pior do que isso: arrancaram dele aquilo que
nos faz mais humanos: que é o direito à vida. O que faremos após presenciar
tamanha barbárie? Uma inadmissível execução, desta vez tudo filmado! Quantos
Genivaldos pelo Brasil não foram vítimas de execução sumária como essa? Essa
pode ser noticiada porque o flagrante estava consumado pelo olhar atento da
câmara. No outro lado do país, no Rio de Janeiro, na comunidade Terra
Prometida, moradores relatam noite de terror, quando, por volta das 3h30
moradores foram surpreendidos com disparos de tiros tomando conta do lugar que
deveria abrigá-los. Há uma banalização da violência; mais do que isso: é a
naturalização da tortura, da violência e de procedimentos criminosos. (...) O
Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2021 (FBSP) destacou que os
negros foram as maiores vítimas de policiais. Isso corresponde a 78,9% das
6.416 pessoas mortas por policiais no ano de 2020, mesmo com a pandemia de
covid-19 restringindo a movimentação de pessoas.
Mais polícia nas ruas ajuda a reduzir a violência? O senso comum e as
autoridades costumam acreditar que sim. Essa relação, contudo, não é tão direta
quanto parece, como mostram os dados do Monitor da Violência. Muitas vezes,
pode ser inversa: mais polícia, mais violência. O Amapá, por exemplo, estado
que registra proporcionalmente o maior efeito policial do Brasil (4,2 policiais
militares para cada mil habitantes), lidera o ranking dos homicídios
brasileiros (45,2 mortes por 100 mil). Santa Catarina fica no extremo oposto:
tem o menor efetivo policial do Brasil (1,3 PMs por mil habitantes) e a segunda
menor taxa nacional de homicídios (7,9 por 100 mil habitantes). Exemplos
semelhantes se repetem pelo Brasil afora. Sete dos oito estados com as menores
taxas de homicídio têm efetivo policial abaixo da média nacional. Além de Santa
Catarina, são os casos de São Paulo (6,7 homicídios por 100 mil habitantes),
Minas Gerais (13,1 por 100 mil), Goiás (15,4 por 100 mil), Mato Grosso do Sul
(16,2 por 100 mil) e Rio Grande do Sul (16,5 por 100 mil). A exceção é o
Distrito Federal, que apesar do número baixo de homicídios (9,9 casos por 100
mil), tem o terceiro maior efetivo de policiais militares do Brasil (3,8 por
mil).
MANSO, Bruno Paes. Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2024/03/12/mais-policias-nas-ruas-mais-homicidios.ghtml.
Acesso em 1.mai.2024.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos
motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Desafios para conter a violência policial no Brasil do século 21”. Apresente proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de
vista.