Quadros graves de desnutrição e óbitos marcam a
crise humanitária encontrada nas comunidades indígenas que fazem parte da
Reserva Yanomami. Embora eles tenham vasto conhecimento botânico e historicamente
se sustentem pela coleta de alimentos no solo, além de pesca e caça, a
sobrevivência dos yanomami vem sendo ameaçada pela contaminação das águas e do
solo, devido à prática do garimpo ilegal e à fuga da caça, pela presença dos
garimpeiros – tais problemas espalham-se pela área de mais de 9 milhões de
hectares, localizada em florestas e montanhas do norte do Brasil e do sul da
Venezuela.
Para reverter desnutrição, só 'dar comida' não
basta: A situação é descrita por Marco Túlio, vice-presidente da SBMFC
(Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), como a pior que já
viu em seus 20 anos de carreira. “É algo que eu e meus colegas vimos em fotos
nos livros durante a faculdade de Medicina, mas como algo que não acontecia
mais no Brasil, somente em países longínquos e muito vulneráveis.” O cenário,
aponta Marco Túlio, é resultado de uma desnutrição crônica, ou seja, muito
tempo se passou sem que os integrantes da comunidade recebessem nutrição
adequada.
GRANCHI,
Giulia. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64388465. Adaptado. Acesso
em 1.fev.2023.
Texto II
O Ministério Público junto ao TCU pediu, em
30.jan.2023, a abertura de investigação para apurar desvios de recursos do
Ministério da Saúde que deveriam ter sido utilizados para compra de medicamentos
destinados ao socorro do povo indígena yanomami.
Operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério
Público Federal (MPF), em novembro de 2022, mirou suspeitas de desvio no uso de
verba para remédios na área Yanomami, e então foi decretada, em 20.jan.2023, pelo
Governo Federal, emergência de saúde pública. A suspeita era de que só 30%, de
mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas
pelo distrito sanitário indígena local (DSEI-Y), teriam sido devidamente
entregues. “Dados relativos à cobertura de tratamento para verminose demonstram
que o esquema deixou 10.193 crianças desassistidas,
aprofundando a tragédia humanitária dos Yanomami”, diz o MPF, que pediu a
nomeação de interventor para gerir o distrito sanitário. Conforme o MPF, há “claras
evidências de que a mesma prática se estenda a outros medicamentos licitados”. Segundo
o documento, os indícios sugerem a participação de agentes públicos e privados
em práticas fraudulentas. Entre 2020 e 2022, diz o MPF, o DSEI-Y recebeu mais
de R$ 200 milhões.
Disponível
em: https://www.istoedinheiro.com.br/yanomami-mpf-apontava-crise-na-saude-desde-2021-e-desvios-na-compra-de-remedios/.
Adaptado. Acesso em 1.fev.2023.
Texto IV
Medo: Os yanomami, que ainda estão na região,
permanecem com medo de falar sobre o suposto estupro e morte da menina de 12
anos, porque foram ameaçados e cooptados pelos garimpeiros, revelou à Folha o
líder indígena Júnior Hekurari Yanomami. "Os yanomami estavam com muito
medo de falar. Eles diziam: 'Não sei, não sei', 'eu sou gerente dos
garimpeiros', 'tem pistola, tem pistola'. Aí perguntei onde estava a comunidade
e disseram que estava no mato. Eles não falavam absolutamente nada. Foram bem
orientados, eu percebi isso", afirma Júnior. (...) Foi Júnior Hekurari
Yanomami quem expôs que a adolescente yanomami da Terra Indígena da comunidade
de Aracaçá, região de Waikás, em Roraima, faleceu após ser violentada
sexualmente por garimpeiros. Ele já havia denunciado o sequestro, também por
parte de garimpeiros, de uma mulher indígena e de seu filho de três anos, que
foi atirado em um rio e segue desaparecido. “No sobrevoo, vimos que a
comunidade estava queimada. Segundo relatos, viviam lá cerca de 24 yanomami,
mas não havia ninguém. Em todos meus 35 anos, nunca vi isso. Um Yanomami não
abandona sua casa, a menos que seja uma situação muito grave. Quem queimou? Por
que queimou? Para onde eles foram?”, questionou Júnior, em entrevista ao Mídia
Ninja. Segundo Júnior, alguns yanomami teriam sido cooptados por garimpeiros e,
por isso, estariam divulgando informações falsas para atrapalhar as
investigações.
Disponível
em: https://revistaforum.com.br/brasil/2022/5/3/cad-os-yanomami-mais-de-20-indigenas-de-comunidade-queimada-apos-estupro-esto-desaparecidos-115812.html.
Adaptado. Acesso em 1.fev.2022.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto
dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
“Desafios para a proteção dos yanomami e de outros povos originários no Brasil
do século 21”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.