MODELO ENEM
ANALFABETISMO FUNCIONAL
ID: E5D
Texto I
Texto II
De forma geral, o analfabetismo funcional costuma ser definido como a incapacidade de compreender e interpretar textos ou fazer operações matemáticas com um grau mínimo de complexidade. (...) O Instituto Paulo Montenegro identificou que apenas 22% dos universitários ou graduados são proficientes em leitura. Uma matemática simples leva à conclusão de que quase 80% dos universitários brasileiros não atingiram o nível ideal de alfabetização.
Texto III
O indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) é aplicado a brasileiros entre 15 e 64 anos de idade por meio de teste que analisa habilidades e práticas de leitura, de escrita e de matemática, voltadas ao cotidiano. De acordo com os resultados, a classe de analfabetos funcionais é dividida em dois grupos: os absolutos, 8%, que não conseguem ler palavras ou frases e números telefônicos, por exemplo, e os rudimentares, 21%, que têm dificuldade para identificar ironias e sarcasmos em textos curtos e realizar operações simples, como cálculo de dinheiro.
Para o especialista em política e gestão educacional, professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, esses dados refletem a baixa qualidade da educação brasileira, pois os resultados não se referem às pessoas que nunca passaram pelo ensino, mas a alunos que estiveram nos bancos escolares. “A nossa escola ainda produz muitos analfabetos”, afirma, adiantando que “ela não consegue transformar o conhecimento, a alfabetização, seja ela na linguagem pátria ou matemática, em algo do cotidiano dessas pessoas”.
A afirmação de Rezende é confirmada pelos dados da Avaliação Nacional de Alfabetização, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e divulgada em 2016. Os resultados da avaliação mostraram que 54,73% dos estudantes acima de 8 anos de idade permanecem em níveis insuficientes de leitura, enquanto que 33,95% dos alunos brasileiros apresentaram índices de insuficiência na escrita e outros 54,4% estão abaixo do desempenho desejável em matemática.
Para a especialista em teorias da base linguística, a pesquisadora Naiá Sadi Câmara, da Universidade Federal de São Carlos (UfSCar), a preocupação é com o futuro desses jovens como cidadãos, pois “a cidadania vem da capacidade de interagir com as leis, direitos, deveres” e a dificuldade de comunicação incapacita a vida em sociedade. Naiá argumenta que uma pessoa não é cidadã se não consegue fazer leitura crítica, argumentação e interação numa sociedade letrada.
Texto IV
Apesar de reconhecer o baixo nível da educação
brasileira, o professor livre-docente da USP, Claudemir Belintane, critica o Indicador
de Alfabetismo Funcional (Inaf): para ele, níveis de leitura variam de acordo
com fatores como especialidades, ideologia e religião. “O uso do alfabeto,
da escrita, das habilidades de leitura, caso se leve em conta a questão da
funcionalidade, é algo muito difícil de ser avaliado, pois dependeria dos
contextos específicos”, diz em entrevista à Gazeta do Povo. O
professor ressalta ainda que nas universidades, principalmente nas privadas, há
muitos alunos com baixíssimos níveis de leitura e interpretação. Segundo ele, o
problema está relacionado à falta de políticas educacionais. “Combater o
analfabetismo funcional só é possível se os governos fizerem disso uma causa
verdadeira e conseguirem fomentar uma política educacional de longo prazo.
Ideias existem. O que não existe é vontade política”, afirma.
https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/analfabetismo-funcional-e-resultado-de-ausencia-de-politicas-publicas-cfawiypv9sm9alpw4xevbuj0u/
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Os desafios para acabar com o analfabetismo funcional no Brasil”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.