O lugar de fala determina que
seres diferentes partem de lugares diferentes quando elaboram um discurso. Por
exemplo, o ponto de vista de uma mulher negra, quando o assunto é raça, é
construído de uma forma diferente do olhar de um homem branco, já que cada um
deles, por pertencerem a um grupo que foi inferiorizado ou privilegiado, experimentaram
a questão de modo diferente – ou seja, o lugar de fala não tem nada a ver com a
proibição de um grupo falar sobre o outro. Não quer dizer que só negros podem
falar sobre negros, que só mulheres podem falar sobre mulheres, e assim por
diante.
RODRIGUES,
Paula. Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/11/03/lugar-de-fala-significa-o-que-so-pessoas-negras-tem-lugar-de-fala.htm,
adaptado Acesso em 28.jul.2021.
O conceito de “lugar de fala” tem se mostrado um
dos temas mais polêmicos do debate público contemporâneo, especialmente quando
consideramos alguns círculos ativistas, ou debates sobre a realidade das
chamadas “minorias” sociais – negros, mulheres, LGBTs e outros grupos. (...) De
modo geral, o debate sobre os tais lugares de fala se converteu num quiproquó
generalizado, em que as pessoas se debatem para decidir simplesmente quem
“pode” ou não falar sobre este ou aquele assunto – se pessoas brancas podem ou não
falar sobre racismo; se homens podem ou não falar sobre machismo; se
heterossexuais “possuem” ou não “lugar de fala” para falar sobre homofobia.
(...) De um lado, estão os que defendem a ideia de que apenas membros de
determinadas minorias falem a respeito dos sistemas de opressões e violências
que vivenciam (...). Do outro lado, estão os que argumentam que qualquer pessoa
pode ser capaz de entender qualquer assunto, tendo ou não passado por alguma
vivência, de modo que todas as pessoas devem ter o direito de participar
“igualmente” de todos os debates (...). Cá, no meio do caminho, penso que as
duas visões tenham as suas devidas parcelas tanto de razão quanto de equívoco. (...)
Afinal, “um lugar de fala” não é – ou não deveria ser – uma espécie de palanque
de minorias pré-determinado, onde só alguns são “autorizados” a subir. (...) Acredito
que a própria expressão “lugar de fala” nos remete a uma outra reflexão
importante: a ideia de que todas as pessoas falam a partir de algum lugar. Com
isso, quero apontar para o fato de que todos nós ocupamos certas posições e
papeis sociais, que invariavelmente impactam a maneira como compreendemos o
mundo e a maneira como construímos as nossas opiniões sobre as coisas.
COMANDO: Escreva um ARTIGO
DE OPINIÃO sobre o tema: “Lugar de fala” e liberdade de expressão. Escreva de 20
a 25 linhas.
Você já sabe, mas não custa lembrar...
O ARTIGO DE OPINIÃO, como o próprio nome adianta, é
um texto em que o autor expõe seu ponto de vista a respeito de algum tema
polêmico. É um gênero textual que se apropria, predominantemente, do tipo
dissertativo. Dá-se o nome de articulista àquele que escreve o Artigo.
Inserido nos grandes jornais, o Artigo é um serviço
prestado ao leitor, com o objetivo de convencê-lo acerca não só da importância
do tema ali enfrentado, como também da relevância do posicionamento do
articulista. São comuns o apelo emotivo, as acusações, o humor, a ironia – tudo
baseado em informações factuais.
O
Artigo, geralmente, é escrito na 1.ª pessoa, leva título e assinatura.
A estrutura do Artigo de
Opinião, ainda que maleável, procura seguir:
. Introdução, com a
apresentação do tema e da tese a ser defendida;
. Desenvolvimento, com as
argumentações para a defesa da tese e
.
Conclusão, com a reafirmação da tese e a provocação do leitor, encaminhando-o
para as próprias reflexões.