Com a ascensão dos regimes escravocratas no mundo do
século 16, adjetivos como preguiçosos, mentirosos e ladrões passaram a
qualificar os negros. Cinco séculos depois, por mais que tenhamos progredido
científica e socialmente, os mesmos estigmas, frutos da dominação econômica,
política e sociocultural, persistem, resultando em racismo. (...)
Por que as
pessoas que têm acesso à informação e ao conhecimento ainda protagonizam
situações como essas? Que tipo de trajetória escolar devemos construir para que
o preconceito racial, e de outras ordens, seja mitigado?
Certamente não por
meio de uma escola que esconde as diferenças ou aceita como naturais
estereótipos que diminuem as oportunidades dos estudantes negros. É preciso
rever as narrativas que esses espaços têm perpetuado, e criar
representatividade negra. Nesse sentido, trazer para dentro da escola modelos
diversos de identidade e cultura ajuda as crianças e os jovens a se enxergarem
de modo diferente daquela determinada de maneira perversa pelas condições
socioeconômicas. Dito de outro jeito: ajuda crianças e jovens a construírem consciência,
palavra que, no latim, significa ter conhecimento de si. Projetos que valorizem
a literatura negra, os artistas e a história africana na escola podem ser um
divisor de águas para muitos jovens. Nunca é demais lembrar que a lei obriga o
ensino da cultura afro-brasileira nas escolas brasileiras.
A morte de George Floyd, que foi visto com um
policial ajoelhado no pescoço dele pouco antes de morrer, reacendeu o debate
sobre a brutalidade policial nos EUA. Homens negros têm quase três vezes mais
chances de serem mortos do que brancos, segundo estatísticas. Floyd, de 46
anos, que trabalhava como segurança em um restaurante em Minneapolis, foi
abordado por policiais que responderam a uma chamada de suspeita de uso de
documentos falsificados na noite de 25 de maio de 2020. Um vídeo de 10 minutos
filmado por uma testemunha mostra Floyd suplicando e dizendo repetidamente
"não consigo respirar" para um policial branco. (...) A morte de
Floyd chama a atenção para estatísticas preocupantes sobre assassinatos
cometidos por policiais nos Estados Unidos. De acordo com um levantamento do
jornal Washington Post, 1014 pessoas foram mortas a tiros por policiais no país
em 2019, e estudos mostram que as principais vítimas foram americanos negros.
Um estudo da ONG Mapping Police Violence aponta que, nos EUA, negros têm quase
três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos.
Em linhas gerais, as cinco competências da redação do Enem verificam: C1
– norma culta; C2 – tema e repertório sociocultural; C3 – composição e execução
de projeto textual, e qualidade da argumentação; C4 – aplicação de recursos
coesivos; C5 – proposta de intervenção social.
Nesse exercício, coloca-se em evidência a
composição do PARÁGRAFO CONCLUSIVO, que, geralmente, traz a proposta de
intervenção social, é avaliado tanto na C3 quanto na C5.
A C3 avalia a habilidade do candidato em oferecer
ações interventivas para a solução dos argumentos/problemas levantados no
projeto textual.
A C5, por sua vez, avalia a habilidade do candidato
em trazer os quatro elementos que devem compor a proposta de intervenção, quais
sejam eles: ação, agente, modo/meio, efeito, com o detalhamento de, pelo menos,
um desses elementos.
COMANDO: Adiante, oferecemos a você um projeto
textual, ou seja, o primeiro parágrafo de uma dissertação argumentativa nos
moldes do Enem, sobre o tema: A persistência do racismo.
Você deverá desenvolver o parágrafo conclusivo, em
conformidade com os argumentos/problemas adiantados no projeto. Não se esqueça
dos quatro elementos e do detalhamento de um deles.
No século 21, em meio a sistemas de
governo pautados nos ideais democráticos, muito se discute acerca da
persistência do racismo. (1) Sem dúvida,
isso acontece, em especial, por dois motivos: o fato de o debate contra o
racismo se acender apenas quando há casos de proporções midiáticas, (2) e a ineficiência
de ações formativas escolares para a valorização da cultura afro, com o necessário
combate ao preconceito. (3) Com efeito, a expressão “somos todos iguais” reflete, não a realidade,
mas sim uma falácia ideológica. (4)
Análise do projeto textual: 1 – apresentação do
tema; 2 – antecipação do primeiro argumento, a ser desenvolvido no segundo
parágrafo; 3 – antecipação do segundo argumento, a ser desenvolvido no terceiro
parágrafo; 4 – tese.