(...) um dos problemas da política hoje é que estamos perdendo a capacidade
de mudar de opinião. Obtemos visões e notícias de política das redes sociais,
uma câmera de eco que só reforça o que pensamos. Perdemos então nossa
capacidade de nos questionar, de sermos céticos. Isso alimenta um tipo de
política muito negativa, pois não conseguimos nos colocar no lugar de outra
pessoa. Passei os últimos 15 anos estudando e falando sobre a empatia porque
ela diz respeito a tentar entender a perspectiva dos outros e reconhecer que às
vezes nossa ideia do outro está totalmente errada. Julgamos pessoas, temos
estereótipos e preconceitos, mas precisamos tentar encontrar a humanidade que
todos temos em comum. (…) O grande desafio é tentar criar empatia com seus
inimigos, tentar se colocar no lugar de gente com quem você discorda
completamente. É uma coisa muito valiosa de se fazer. Se imaginar no lugar de
outra pessoa não significa que você precisa concordar com ela. (...) É melhor
saber mais sobre isso do que saber menos.
No livro "Tempos Líquidos", Bauman aprofunda os diálogos sobre a modernidade líquida nas
questões sócio-políticas. (...) Primeiramente ele fala sobre as comunidades,
grupos que remetem à busca de uma convivência harmônica segundo regras de
convívio. Para Bauman, esse conceito de comunidade foi ultrapassado. Hoje, o
que existe é uma versão compacta do “viver junto” que quase nunca se
concretiza, o que gera uma utopia que serve como ideal para a parte vulnerável
da sociedade: as chamadas “comunidades estéticas”. Segundo Bauman, as
comunidades estéticas são ajuntamentos de pessoas com laços frouxos. Elas
passam uma sensação de segurança, conforto, união e cumplicidade, mas que não
são mais que momentos para aliviar o sufoco cotidiano de viver (são os clubes
esportivos, os grupos étnicos, os coletivos artísticos, os sindicatos, etc).
“As minorias se investem do objetivo de fazer uma comunidade para se protegerem
da realidade líquida.” De uma forma geral, as atuais relações profissionais, da
mesma forma que as sociais, estão cada vez mais fragilizadas e desvirtuadas. E
o resultado, segundo Bauman, é sempre o mesmo: carência de empatia,
inconsistência e falta de comprometimento.
A empatia é, em termos
simples, a habilidade de se colocar no lugar do outro. (...) “É ser sensível a
ponto de compreender emoções e sentimentos de outras pessoas”, explica Rodrigo
Scaranari, presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional. E é
uma característica que pode, sim, ser aprendida ou, pelo menos, treinada. Sem
empatia, sobra intolerância, bullying, violência. Sem gastar um segundo
imaginando como o outro se sente, de onde vem, em qual contexto foi criado, ao
que foi exposto, sem se lembrar que cada um tem sua história e sem tentar
entender como é estar na pele do outro, surgem os crimes de ódio, as discussões
acaloradas nas redes sociais, o fim de amizades de uma vida toda. É preciso ter
empatia para aprender que não existe verdade absoluta, que tudo depende do
ponto de vista.
Para o pesquisador Thiago Damenici, diálogo e escuta
empática são premissas da Comunicação Não Violenta (CNV), que é um processo de
pesquisa e ação, que busca criar as condições necessárias para que as pessoas
possam colaborar e se entender, construindo as condições mais propícias para a
vida, seja na relação delas com elas mesmas, seja nas relações interpessoais. (...)
A CNV alimenta-se tanto do aumento da verdade quanto do aumento da empatia . Um
sem o outro cria desequilíbrio. Quando a gente fala de Comunicação Não-Violenta
estamos falando no equilíbrio entre os dois. Na CNV, conexão é o meio e não o
fim. O fim é a ação que reforça aquilo que serve a vida e transforma aquilo que
não serve a vida. A empatia é entendida como um dos nossos meios mais
poderosos, para criar condições para a mudança acontecer.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A importância da empatia para a boa convivência social”. Apresente, ao final, uma proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.