O debate atual não está apresentando novos
argumentos em torno do assunto. Os favoráveis à liberação dos jogos citam o potencial
econômico e turístico de cassinos e de outras casas de aposta. Mencionam casos
de sucesso em outros lugares, e recordam que o Brasil é um dos poucos países de
seu porte a não permitir os jogos legais. Também costuma ser enfatizado o fato
de que vizinhos do Brasil, como Uruguai e Argentina, mantêm cassinos, o que
contribui para a movimentação da economia e a geração de empregos.
Já os opositores à ideia relatam que o vício em
jogos de azar é um problema recorrente e que pode impactar na vida de muitas
famílias. Outro elemento citado é que a "indústria" dos jogos de azar
é costumeiramente relacionada com o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro,
e a regularização dos cassinos poderia impulsionar esses crimes.
https://www.gazetadopovo.com.br/republica/legalizacao-jogos-azar-cassinos-bolsonaro/,
em 3/12/2019.
Texto III
A proibição dos jogos de azar no Brasil está com os
dias contados. Tramitam na Câmara dos Deputados oito projetos de lei que
legalizam cassinos, bingos e outras modalidades. Um levantamento realizado em
maio deste ano indica que um número significativo de deputados federais já é
favorável à mudança na lei. A iniciativa com o maior número de partidos
apoiadores é a que propõe direcionar a programas de saúde 15% do faturamento
dos bingos (PL 3489/2008). Mas para o professor Dario Paixão, coordenador-geral
da Pós-Graduação e Educação Continuada da Universidade Positivo, a legalização
pode trazer outros benefícios ao Brasil, que também precisam ser considerados,
com atenção para o equilíbrio entre vantagens e impactos. "Nunca estivemos
tão perto do retorno dos cassinos ou da legalização do jogo de azar no
Brasil", avalia Dario Paixão, que também é pesquisador do turismo. No
levantamento feito pela Paraná Pesquisas, que consultou uma amostra formada por
238 deputados federais (46% do total de parlamentares, que é de 513), 52%
declararam-se favoráveis à aprovação do jogo de azar e 7% afirmaram estar
indeciso. Quanto à melhor forma de aproveitamento de parte da receita
proveniente do jogo para atendimento a demandas da sociedade - um ponto em
comum para a maioria dos projetos em tramitação na Câmara - o professor
acredita que direcionar esses recursos apenas para a saúde não é a melhor
alternativa. "O que mais ocorre em outros países é o financiamento de
infraestrutura para as cidades onde há o jogo", afirma Dario Paixão, que
considera importante também priorizar a educação. "Também é necessário
utilizar parte desses recursos para apoiar pesquisa, qualificação de
mão-de-obra, até mesmo nas áreas que serão beneficiadas, como turismo e
hotelaria", acrescenta. Ele reconhece, no entanto, que é preciso destinar
uma parte destes recursos para tratamento de viciados em apostas, um impacto
negativo desse tipo de atividade, mas que, considerando os exemplos de outros
países, não inviabiliza a liberação do jogo.
Cabe-nos, por razões éticas e evangélicas, alertar
que o jogo de azar traz consigo irreparáveis prejuízos morais, sociais e,
particularmente, familiares. Além disso, o jogo compulsivo é considerado uma
patologia no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. O
sistema altamente lucrativo dos jogos de azar tem sua face mais perversa na
pessoa que sofre dessa compulsão. Por motivos patológicos, ela acaba por
desprezar a própria vida, desperdiçar seus bens e de seus familiares,
destruindo assim sua família. Enquanto isso, as organizações que têm o jogo
como negócio prosperam e seus proprietários, os “senhores do jogo”, se tornam
cada vez mais ricos. Nosso país não precisa disso! A autorização do jogo não o
tornará bom e honesto. Conclamamos aos representantes do povo brasileiro no
Congresso Nacional a votarem contra estes projetos e qualquer outro que
pretenda regularizar os jogos de azar no Brasil. Tenham certeza de que o voto
favorável será, na prática, um voto de desprezo por nossas famílias e seus
valores fundamentais.
Fragmento da Nota Oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil, em nov/2016.
ROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: “A polêmica em torno da legalização dos jogos de azar no Brasil do século 21”. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.