A criança e o adolescente têm direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos
na Constituição e nas leis. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais; opinião e expressão; crença e culto religioso; brincar,
praticar esportes e divertir-se; participar da vida familiar e comunitária, sem
discriminação; participar da vida política, na forma da lei; buscar refúgio,
auxílio e orientação. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais. É dever de todos velar pela dignidade
da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei de
nº 8069/1990, adaptado
Abandonadas, descartadas, rejeitadas e jogadas fora: mais de 150 milhões de crianças em situação de rua em todo o mundo sofrem grandes privações e violações de direitos, com pouca ou nenhuma consideração dada ao seu maior interesse. (...) Essas crianças estão escapando da pobreza, de moradias inadequadas, famílias desestruturadas, violência doméstica, desalojamento, desastres naturais, conflitos e guerras. Elas tomam as ruas porque não há outro lugar para onde ir. Uma vez nas ruas, elas sofrem discriminação e estigmatização.
Pesquisa sobre crianças e
adolescentes em situação de rua e em acolhimento institucional com trajetória de
vida nas ruas identificou violações de direitos sofridos por essa população,
incluindo a luta pela sobrevivência, o racismo estrutural, o trabalho precoce,
a baixa escolaridade, a violência vivenciada nas ruas e também no âmbito
familiar.
Tais situações são
agravadas pelo contexto da pandemia de covid-19 no país, e esses grupos
tornam-se mais vulneráveis, segundo avaliação de especialistas. Desenvolvida
pela Associação Beneficente O Pequeno Nazareno e pelo Centro Internacional de
Estudos e Pesquisas sobre a Infância da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (Ciespi/PUC-Rio) no âmbito do projeto Conhecer para Cuidar, a
pesquisa mostra que 85% das crianças e adolescentes que vivem nas ruas são
negros (soma de pretos e pardos), e este é um dado sempre importante, porque,
de certa forma, explica a origem da situação de rua no Brasil. "Ela tem a
ver com racismo estrutural”, afirma Manoel Torquato, coordenador de projetos da
associação, que é também coordenador nacional da Rede Criança Não é de Rua. Nas
instituições de acolhimento, o número é mais expressivo: 89% se autodeclararam
pretos ou pardos. Torquato ressalta que o racismo tem seus desdobramentos na
desigualdade social observada até hoje. “Tanto que, se a gente comparar esses
dados com os dados de homicídios, de encarceramento, de pobreza extrema, sempre
vai encontrar uma maioria negra. Aqui, mais uma pesquisa vai apontar isso,
agora com crianças e adolescentes em situação de rua.”
“Não se acionou a rede
hoteleira, como muitos países fizeram, para acolher essas pessoas
provisoriamente, não se abriram as escolas públicas para uso coletivo desses
espaços pela população em situação de rua. O levantamento mostra ainda que
cerca de 60% dos que vivem nas ruas e de 70% dos que estão acolhidos frequentam
a escola. Com o fechamento das escolas e a falta de uma alternativa a essa
frequência escolar, essas crianças estão mais sujeitas a ir para as ruas do que
antes.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “A questão político-social do menor abandonado no Brasil”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.