Presente em todos os lugares do mundo, a
corrupção é especialmente grave no setor da saúde, pois implica vida e/ou
morte. A corrupção persiste mesmo durante as pandemias. Alguns verão a pandemia
como uma oportunidade única de aproveitarem as medidas emergenciais de combate
à Covid-19 para abusarem do poder público, em benefício de vultosos ganhos
privados. Licitações fraudadas, cartéis, recebimento de propinas, desvio de materiais,
tratamentos desnecessários e favorecimento de parentes e amigos são algumas
ilustrações de condutas corruptas que apesar de serem alvos de leis
anticorrupção, podem minar a resposta governamental à pandemia, privando
milhares de pessoas dos necessários cuidados médicos.
No Brasil, pode-se dizer que há um ambiente propício para a prática de atos
de corrupção. Um dos maiores escândalos no país foi o da “Máfia dos
Sanguessugas” em 2006, que fraudava a compra de ambulâncias nos municípios. A
corrupção na saúde pode acontecer em diferentes níveis: planos e sistemas de
saúde, hospitais, fornecedores de suprimentos etc. A complexidade da cadeia da
saúde dificulta o combate à corrupção. De fato, não há uma abordagem única para
combater a corrupção no setor da saúde.
Uma pandemia tão extraordinária como a da
Covid-19 tende a expor ainda mais as falhas estruturais dos sistemas de saúde,
com destaque para os riscos potenciais de práticas corruptas. O volume de
recursos investidos na saúde em decorrência da Covid-19 faz com que o ambiente
seja ainda mais suscetível à corrupção, perpetrada pelos agentes públicos e
privados. A necessidade de uma resposta rápida no combate à doença e ao vírus e
a disponibilidade de valores significativos só aumentam esses riscos. A
corrupção na saúde traz, porém, um paradoxo: apesar dos altos montantes
“perdidos” em razão da corrupção, o setor não conta com os necessários
instrumentos de prestação de contas e transparência. Os procedimentos
anticorrupção precisam garantir que a ajuda governamental para combater o vírus
e a doença seja bem utilizada e beneficie a população.
https://politica.estadao.com.br/blogs/gestao-politica-e-sociedade/a-corrupcao-nos-tempos-da-covid-19/,
com adaptações
Enquanto
pacientes com covid-19 inundavam o sistema público de saúde do Rio de Janeiro
do início de abril ao final de maio, o médico Pedro Archer tomava decisões
angustiantes. As pessoas com dificuldades para respirar precisavam de
respiradores, disse ele, mas não havia o suficiente para todos; os que tinham
pequena chance de recuperação foram preteridos. "Todo turno era
assim", afirmou Archer, cirurgião de um hospital municipal do Rio.
"Às vezes, eu dava sedativos apenas para que não sofressem. Por fim, eles
morriam. Algumas dessas mortes, dizem agora promotores estaduais e procuradores
da República, poderiam ter sido evitadas. Eles alegam que autoridades teriam
embolsado até 400 milhões de reais por meio de esquemas de corrupção que
conduziram a contratos inflacionados com aliados durante a pandemia. Os
negócios, segundo eles, incluíram três contratos para 1.000 respiradores, sendo
que a maioria nunca chegou.
PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma
padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Caminhos para conter a corrupção
no Brasil, no contexto da pandemia”. Apresente, ao final, uma proposta de
intervenção social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de maneira coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.