Idealizar a própria vida
é ter consciência da responsabilidade de cada um em sua atuação social,
descobrindo-se a si mesmo, aos outros e o meio em que vive. É o momento em que
são percebidas as tantas formas e jeitos de ser. É também quando alguns dos
preconceitos construídos socialmente atingem e afetam as crianças, o que pode
ser revertido a partir do compromisso da escola em importar-se com o outro.
A formação escolar, hoje,
chama para si um universo que vai muito além do ensino das áreas de exatas, humanas
e biológicas. Isso porque, quando se fala em “formação”, fica subentendida a
noção de futuro, de competências plenas – adquiridas ao longo dos anos letivos –,
para o exercício da cidadania. A educação, como um todo, transcende o ensino, ou
seja, o manejo de apostilados, quadros e giz. A instituição deve incentivar os
estudantes a construírem seus próprios projetos de vida e, para tanto, é
preciso contar com profissionais habilitados e comprometidos com a vida, com os
sonhos dos estudantes. O projeto de vida na escola é uma das competências da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), conforme Resolução do Ministério da
Educação, de dezembro de 2018, com previsão para a completa adequação nos currículos
escolares a ser implantada no ano de 2022.
Gislaine Buosi
Texto III
Há alguns séculos, antes
do marco da Revolução Industrial, o trabalho era transmitido através das
gerações de uma família, sem grandes questionamentos. Enquanto a subsistência
da sociedade era baseada em atividades essenciais, como agricultura e comércio,
as famílias ficavam fechadas em si, sem a necessidade de troca. Entretanto, a
transição do trabalho no campo para o modo de produção capitalista fez com que
o trabalho emigrasse da esfera privada para a esfera pública. A nova ordem
social, inaugurada com o advento do capitalismo, promoveu o desenvolvimento do
trabalho assalariado, que modificou a função econômica da família, assim como a
relação desta com o trabalho. É principalmente a partir da Revolução Industrial
que passa a prevalecer a ideia de "o homem certo no lugar certo",
visando a uma maior produtividade (...). Segundo o sociólogo polonês Zygmunt
Bauman, vive-se hoje a modernidade líquida, marcada pelo capitalismo leve e
flutuante, em que as empresas buscam tornarem-se organizações mais flexíveis e
enredadas. É diante desse cenário que os jovens, principalmente aqueles
pertencentes às camadas médias da sociedade, são chamados a escolher uma
profissão. Mais do que escolher uma profissão, eles devem elaborar um projeto
de vida e um projeto profissional. A construção de um projeto de vida
configura-se como uma necessidade a partir de meados do século 20. (...) Quando
o indivíduo pode escolher o seu futuro, ele passa a fazer projetos. Entretanto,
essa escolha ou essa elaboração de projetos não serão realizadas no vazio, mas
sim em meio a uma situação social, econômica, política; sofrendo influências
dessas diversas dimensões, inclusive da família. O indivíduo que escolhe está
inserido em um determinado contexto, logo o projeto não é puramente individual,
uma vez que ele é formado no seio da família e da sociedade. (...) Logo, o
jovem que deve hoje escolher uma profissão e elaborar o seu projeto de vida não
está tão livre para realizar uma escolha apenas individual, pois sofre diversas
influências do meio em que está inserido.
ALMEIDA, Maria Elisa Grijó Guahyb e MAGALHÃES,
Andrea Seixas Magalhães.
Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000200008/.
Adaptado. Acesso em 20-abr-2023.
PROPOSTA DA REDAÇÃO: A
partir do material de apoio e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da
língua portuguesa, sobre o tema: “Projeto de vida – questão de cidadania e responsabilidade
sociopolítica”. Apresente proposta de intervenção social que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de maneira coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.