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MODELO ENEM - REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA MÍDIA

ENEM

REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA MÍDIA

MODELO ENEM

ID: F61


Texto I


 https://www.brasildefato.com.br/2017/07/03/por-que-os-negros-nao-apresentam-programas-de-televisao

 

Texto II

Pela TV brasileira, jamais seria possível imaginar que a população do Brasil é majoritariamente negra. Quando cheguei ao Brasil, há quatro anos, fiquei chocada: esperava ver a democracia racial tão falada no exterior, e ver 54% de negros como protagonistas e na liderança de empresas e na mídia. O que vi foi o uniforme branco da babá, o papel da mulher hiper sexualizada nas novelas, como a eterna amante que destrói os casamentos dos brancos ricos. (...) Não é preciso ser especialista para perceber a invisibilidade dos negros e negras na mídia brasileira. Alguma coisa está errada se a cara pública deste país, majoritariamente negro, é branca, o que colabora para reforçar uma atitude e um sentimento de auto-desvalorização nos negros.

https://claudia.abril.com.br/blog/coluna-da-alexandra-loras/o-negro-na-midia/


Texto III

Durante uma live no Instagram com o jornalista Wellington Andrade, o ator Nando Cunha fez um desabafo sobre o preconceito que os atores negros sofrem quando são escalados para as produções na televisão. Ele disse que o tratamento dado aos pretos é diferente em comparação aos brancos. “Quando a gente é chamado para fazer um papel em uma novela é para interpretar um negro. ‘Ah! você vai viver um médico’, você vai viver um médico negro. Interpretar um engenheiro? Você vai interpretar um engenheiro negro com todos os estereótipos deles e isso não muda”. Nando ainda falou que isso só vai parar quando mais roteiristas negros tiverem oportunidades de serem autores. “Só vai mudar quando um negro escrever para nós, quando um roteirista escrever para os negros.”

https://istoe.com.br/nando-cunha-sobre-tratamento-dado-aos-atores-negros-so-vai-mudar-quando-um-negro-escrever-para-nos/ 


Texto IV

Observatório do Direito à Comunicação: O Brasil é famoso por sua diversidade, inclusive racial. Essa diversidade tem vez na televisão?

Paulo Rogério Nenes: Esta diversidade não é representada na televisão porque ainda se valoriza na TV, como em várias esferas da sociedade brasileira, a matriz européia de pensamento e comportamento. Negros e indígenas não são representados de maneira digna na TV: ou são representados de maneira estereotipada ou não aparecem. Na verdade, o Brasil tem como uma de suas principais características a sua diversidade cultural e as diversas contribuições dos povos, mas a TV não representa estes grupos. Isso parte da ideologia que fez com que políticas públicas do Estado brasileiro e toda concepção dentro da escola, das universidades e nos meios de comunicação valorizassem e privilegiassem esta matriz européia. É a matriz do colonizador. E o Brasil é quem perde com esta história toda porque não se conhece. Ao valorizar apenas uma vertente étnica e racial nos meios de comunicação e nas outras esferas da vida, perde a chance de entender as outras contribuições trazidas pelos africanos e daqueles que já estavam aqui, como os indígenas. Isso é grave porque causa uma falsa imagem do país. O professor Hélio Santos (economista da USP) sempre diz que a TV da Dinamarca e da Europa em geral têm mais negros que a do Brasil. Nosso país não pratica a diversidade, e as instituições, como a escola, a igreja ou os meios de comunicação, cometem este racismo institucionalizado por privilegiar um determinado tipo étnico e um padrão de beleza, de comportamento, de vida.

ODC – O racismo que ainda existe no Brasil tem sua face televisiva?

PRN: Claro. Pra fazer uma reflexão, vamos lembrar quem era Mussum? Um homem negro ébrio, estereótipo do negro maltrapilho, vagabundo, sem perspectiva. Em vários momentos da teledramaturgia e em outras produções da TV brasileira, há uma carga muito grande de estereótipos e preconceitos. Há uma ação deliberada para, além de sub-representar, colocar os negros e negras em patamar de desigualdade, de inferioridade. E isso é prejudicial para quem assiste. Para o jovem negro ou para a criança que está formando sua identidade isso é extremamente nocivo, pois exerce forte influência na forma de viver e ver o mundo. Por isso, se não atacarmos o racismo nesta esfera da produção, ele vai continuar sendo reproduzido em larga escala. É desproporcional termos tantas organizações e pessoas que falam em desigualdade racial pelo país e a TV reafirmar valores racistas. 

Fragmento da entrevista do Observatório do Direito à Comunicação com Paulo Rogério Nenes, publicitário e diretor executivo do Instituto Mídia Étnica


PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A questão da representatividade dos negros na mídia brasileira”. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

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