A
redação de um texto destinado à leitura em voz alta requer técnica e, mais do
que isso, bom senso. Por exemplo: não se pode ser muito formal – caso
contrário, corre-se o risco de o público não entender o que o orador fala; não
se pode prolongar tanto a palestra – caso contrário, o público pode se cansar.
O gênero
PALESTRA utiliza-se de aspectos informativos e dissertativos. O palestrante
deve dominar razoavelmente o assunto, para não apenas apresentá-lo, como
também, provocar reflexões sobre ele. Um cuidado: é preciso manter a
interlocução entre palestrante e público durante toda a palestra – os
vocativos/chamamentos devem ser empregados.
A
escrita do texto para palestra é maleável. Orienta-se organizá-la assim:
. vocativo,
saudação e apresentação do palestrante;
. exposição/apresentação
do assunto (com definição de palavras, se for o caso); argumentação/reflexão (explicações,
exemplificações, comparações, críticas, comentários etc.), que leve os ouvintes
a perceberem a importância do assunto;
. interação
com o público (perguntas retóricas*)
. síntese
do assunto abordado;
. encerramento
com um breve agradecimento pela atenção do público.
* Pergunta
retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta, mas
sim estimular a reflexão do individuo sobre determinado assunto.
Leia
os textos abaixo:
Texto
I
A
educação que os jovens recebem, em geral, não os prepara para a democracia
cidadã. A participação nas redes sociais têm sido mais forte. Mas ocorre que
nós somos campeões em indignação (veja as manifestações de junho/13 e março/15)
e ridículos em ação coletiva. De 167 países, a democracia brasileira aparece na
44ª posição (...). Isso se deve à nossa baixíssima nota no item participação
política (somos iguais a Mali, Zâmbia, Uganda e Turquia; estamos abaixo de
Iraque, Etiópia, Quênia e Venezuela; campeão é a Noruega e a última colocada é
a Coreia do Norte). (...) Em junho/15, 69% dos jovens de 16 a 24 anos afirmaram
não ter preferência por nenhum partido político (Datafolha). Não há indiferença
com o futuro nem com a democracia, e sim com a política.
A
juventude brasileira está inconformada com o país em que vive. Afastada dos
partidos e da política, pouco quer saber dos fundamentos da economia e do
desenvolvimento, de modo geral, bem como não lhe interessa comparar o passado
com o presente, pois seu olho se dirige ao futuro. Já fez protestos em 2013,
participando de passeatas contra o aumento das passagens de ônibus e a falta de
serviços públicos de qualidade. Foram as maiores manifestações públicas da
história do Brasil desde a campanha das Diretas Já e dos Caras pintadas que
levaram à renúncia do presidente Fernando Collor.
Um
terço do eleitorado brasileiro é formado por jovens entre 16 e 33 anos, ou
seja, são mais de 45 milhões de pessoas em um universo de 144 milhões aptas a
votar em outubro. Portanto, esses jovens têm o poder de decidir as eleições
deste ano, enquanto os políticos precisam descer do pedestal e propor um
diálogo franco e honesto se pretendem atrair o seu voto. Este é o problema:
estabelecer um diálogo com quem está desiludido com a corrupção e com os velhos
e pérfidos costumes políticos.
A ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, é considerada
a inspiradora de um movimento de estudantes que (...) realiza a terceira greve
global pelo clima. Os protestos também ocorrem em cidades do Brasil. Trajetória
da ativista: aos 8 anos, na escola, ouviu falar pela primeira vez sobre
aquecimento global e disse ter ficado assustada com a falta de ação dos adultos;
ela conta que o temor em relação ao meio ambiente foi um dos fatores em um
período depressivo, no qual deixou de ir à escola por um tempo; aos 11 anos,
ela foi diagnosticada com Asperger, um tipo de autismo. Ela diz que essa
condição é chave em seu modo de agir e interpretar o mundo; depois de pesquisar
e convencer os pais sobre a crise climática, a estudante começou em 2018 a
deixar de ir a aulas nas sextas para protestar; ato solitário ganhou apoio nas
redes sociais e foi seguido pelo mundo sob o nome de "Fridays For
Future". Greta já discursou eventos internacionais como a COP24, a
Conferência do Clima da ONU, e o Fórum Econômico Mundial.
COMANDO:
Imagine que você seja líder do Grêmio Estudantil do colégio em que estuda. Você
foi convidado a dar uma palestra a toda a comunidade escolar, para expor e
explicar a importância do protagonismo juvenil no enfrentamento das questões sociais,
em especial as que envolvem a preservação ambiental. Ao final da palestra, você
deverá propor uma ação em defesa do meio ambiente, envolvendo toda a comunidade
escolar.