O QUE NOS FAZ RIR HOJE?
PAS-3/UnB 2019
(Com ajustes)
ID: F59
ATENÇÃO: Nesta prova, faça o que se pede, utilizando, caso deseje, o espaço indicado para rascunho no presente caderno. Em seguida, escreva o texto na folha de Texto Definitivo da Prova de Redação em Língua Portuguesa, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de linhas disponibilizado.
Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado.
Na folha de texto definitivo da Prova de Redação em Língua Portuguesa, utilize apenas caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente. Identifique-se apenas nos locais apropriados, pois será atribuída nota zero ao texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora desses locais.
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Estamos imersos em uma
sociedade humorística. Uma sociedade que se quer cool e fun, amavelmente
malandra, em que os meios de comunicação difundem modelos descontraídos, heróis
cheios de humor e em que se levar a sério é falta de correção. O riso é
onipresente na publicidade, nos jornais, nas transmissões televisivas e,
contudo, raramente é encontrado na rua. Elogiamos seus méritos, suas virtudes
terapêuticas, sua força corrosiva diante dos integrismos e dos fanatismos e,
entretanto, mal conseguimos delimitá-lo. Estudado com lupa há séculos, por
todas as disciplinas, o riso esconde seu mistério. Alternadamente agressivo,
sarcástico, escarnecedor, amigável, sardônico, angélico, tomando as formas da
ironia, do humor, do burlesco, do grotesco, ele é multiforme, ambivalente,
ambíguo. Pode expressar tanto a alegria pura quanto o triunfo maldoso, o orgulho
ou a simpatia. É isso que faz sua riqueza e fascinação ou, às vezes, seu
caráter inquietante, porque, segundo escreve Howard Bloch, “como Merlim, o riso
é um fenômeno liminar, um produto das soleiras, ... o riso está a cavalo sobre
uma dupla verdade. Serve ao mesmo tempo para afirmar e para subverter”. Na
encruzilhada do físico e do psíquico, do individual e do social, do divino e do
diabólico, ele flutua no equívoco, na indeterminação. [...] O riso não tem
implicações psicológicas, filosóficas nem religiosas; sua função política e social
— quando se pensa na sátira e na caricatura — é igualmente importante. O riso é
um fenômeno global, cuja história pode contribuir para esclarecer a evolução
humana.
Georges
Minois. História do riso e do escárnio. Trad. Maria Elena O.
Ortiz
Assumpção. São Paulo: Editora UNESP, 2003. p. 10 e 13.
É melhor ser alegre que ser
triste
Alegria é a melhor coisa que
existe
É assim como a luz no
coração
Mas pra fazer um samba com
beleza
É preciso um bocado de
tristeza
É preciso um bocado de
tristeza
Senão, não se faz um samba
não
Vinicius
de Moraes. Samba da benção.
“Eu estou só tentando fazer
todo mundo rir.”
Desconfio dos meus amigos.
Mas é com tanta alegria que não podem me fazer mal algum. O que quer que façam,
vou achar muita graça (…) Ser amigo é ver a pessoa e pensar: “O que vai nos
fazer rir hoje? O que nos faz rir no meio de todas essas catástrofes?”
Gilles
Deleuze. O abecedário de Gilles Deleuze (F de fidelidade).
Entrevista
concedida a Claire Parnet, 1988-1989.
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Tendo os textos precedentes
como referência e considerando a força social, política e cultural do riso,
redija um texto dissertativo-argumentativo que contemple a resposta às seguintes
perguntas, constantes do trecho de "O abecedário de Gilles Deleuze", apresentado
anteriormente.
O QUE VAI
NOS FAZER RIR HOJE?
O QUE NOS
FAZ RIR NO MEIO DE TODAS ESSAS CATÁSTROFES?