A partir da leitura dos textos motivadores e dos seus conhecimentos sobre o tema, escreva um ARTIGO DE OPINIÃO que focalize "A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NO COMPORTAMENTO SUICIDA DOS JOVENS".
Texto I
Depois da boneca Momo e
do jogo Baleia Azul, um novo perigo ronda crianças que navegam na internet.
(...) Perfis no Facebook e Instagram estão usando uma versão do personagem
Pateta, da Disney, induzindo a automutilação e ensinando técnicas de suicídio
aos jovens. O alerta é da Polícia Civil de Santa Catarina, após iniciar
investigações. (...) De acordo com a delegada Patrícia D’Ávila, coordenadora do
departamento de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso no estado da
região Sul, mais de 170 perfis das redes sociais já foram identificados pela
corporação. "Os responsáveis usam como foto principal a imagem de um homem
com uma máscara (um pouco deformada e assustadora) imitando o Pateta. Esses
perfis têm poucas postagens e desafiam as pessoas a segui-los e enviar uma
mensagem privada. Feito isso, é só esperar o retorno deles, que se dá através
do envio de mensagens, vídeos, áudios ou até mesmo de uma ligação por vídeo ao
vivo", disse a policial (...), que explica que o conteúdo da resposta tem
a intenção de causar desconforto, medo e, em alguns casos, provocar
automutilação e suicídio. "Por isso, damos um alerta para o importante
papel dos pais para o monitoramento das redes sociais. Proteger os filhos é
mais importante do que a privacidade deles", salienta.
Fenômeno que ocorre cada
vez mais entre os jovens, homens ou mulheres, o suicídio deve ser abordado sem
estigmas, afirmam especialistas. Os tratamentos psiquiátricos e psicológicos
são recomendados para os sobreviventes, estejam eles participando ou não de
grupos como os do CVV (Centro de Valorização da Vida). Na rede pública de saúde
de São Paulo, a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde) monitora casos de
potenciais suicidas. Se alguma pessoa for internada duas vezes seguidas por
intoxicação, por exemplo, o órgão pode encaminhá-la para acompanhamento.
O suicídio está mais
próximo de nós do que imaginamos. (...) Ter mais de 300 amigos e não falar com
nenhum, ficar triste por receber poucas curtidas na selfie ou sentir-se
excluído por não ter seu pedido de amizade aceito são apenas alguns dos novos
comportamentos gerados pelas redes. A constante necessidade de aprovação
virtual tem exercido pressão demais para muita gente, que tem sentido os
efeitos nocivos dessa nova maneira de nos relacionarmos. Outros agravantes são,
por exemplo, os casos de bullying, que antigamente ficavam apenas no ambiente
escolar, mas hoje continuam 24 horas por dia também via redes sociais. (...)
Como um novo fato social, é preciso estudar e entender melhor como as redes
sociais afetam nosso dia a dia. Foram as redes que apresentaram não só o
incrível potencial de encurtar distâncias e manter por perto amigos que não
fazem mais parte da nossa rotina, mas também os efeitos nocivos, que afetam
radicalmente a vida de muita gente.
Segundo a OMS, 90% dos
casos de suicídio são evitáveis. E o diálogo é uma das saídas. (...) O diálogo
também tem chegado às casas e às escolas. (...) Elizabeth Sanada, professora do
Instituto de Singularidades, afirma: “Muitas vezes não é apenas falar sobre
suicídio, mas principalmente sobre angústias e medos, oferecendo uma
alternativa para esses adolescentes.” A qualidade da conversa também é
destacada por especialistas, segundo os quais regras e castigos deveriam dar
lugar a mais abertura e aproximação. “Ouça com atenção, oferecendo à pessoa um
tempo de qualidade”, aconselha o psiquiatra Neury José Botega, professor da
Unicamp. (...) “Deve-se ouvir e aceitar o que ela está dizendo, não fazer
preleções religiosas ou morais, mas, sim, criar um vínculo.” Isso não quer
dizer que limites não devam ser estabelecidos. O jogo Baleia Azul levanta a
urgência da presença dos pais na vida de seus filhos, para (...) controlar o
tempo de permanência na internet e verificar os sites consultados.
O Brasil teve mais de 147
mil suicídios entre 2011 e 2022, apontou um estudo feito por pesquisadores da
Escola de Medicina de Harvard (EUA) e do Cidacs/Fiocruz Bahia (Centro de
Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz). (...)
Quais foram os principais
resultados?
Suicídio é maior entre
indígenas. A população [indígena] lidera os índices de suicídio e autolesões,
mas tem menos hospitalizações. Isso revela um vazio assistencial no socorro e
no suporte em saúde mental.
Aumento entre jovens.
Notificações de automutilação e hospitalizações foram maiores entre pessoas
mais jovens (faixa etária de 10 a 24 anos), enquanto as taxas de suicídio foram
maiores entre idosos e adultos. Mas esse último índice tem crescido entre
jovens, acompanhando as taxas globais.
Brasil na contramão dos
dados mundiais. A taxa global de suicídio caiu, enquanto subiu nas Américas,
com foco especialmente no Brasil —uma tendência já apontada pela OMS
(Organização Mundial da Saúde).
Diferenças por gênero.
Mulheres lideram as taxas de autolesão, e os homens as de suicídio, também
seguindo as taxas mundiais —o suicídio foi quase quatro vezes mais frequente em
homens, e as autolesões duas vezes mais frequentes em mulheres.
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/02/23/estudo-suicidios.htm.
Acesso em 24.fev.2024.